Liberalismo:
O liberalismo tem suas raízes com as
lutas contra as perseguições religiosas na Inglaterra, tem um momento de
desenvolvimento com a Revolução Americana e mais tarde com a Revolução
Francesa. Não se deve entender essa ideia apenas como uma concepção econômica,
pois mesmo os economistas que estiveram envolvidos com a construção desse
pensamento não se limitaram a isso. A base do liberalismo é propriedade,
liberdade individual, e preço de mercado. Para os economistas somente com a
liberdade individual é possível que o mercado possa se desenvolver, Adam Smith
acreditava que o que fazia os produtos melhorarem eram os interesses
individuais os produtores em conseguir agradar seus clientes a fim de ganharem
mais dinheiro, dessa forma a natureza do liberalismo seria proporcionar
melhoria na qualidade dos produtos e consequentemente na vida das pessoas, ele
criou a ideia de que o Estado não deveria se envolver com a economia a deixando
livre para crescer, enfatizando que existia uma mão invisível que guiava o
mercado. Outros pensadores liberais são Friecrich Haiek, que desenvolveu a
ideia de ordem espontânea; David Ricardo, J. B. Say; Turgot; Otto von Mises. É
preciso dizer ainda que todos esses concordam com os três pontos elencados a
cima, porém existe uma diferença na questão do preço, onde Adam Smith dizia que
o preço estava ligado ao valor do trabalho, já o Mises acreditava que o preço é
determinado pelo dinâmica do mercado. O Marx vai depois de Smith dizer ainda
que o trabalho é medido pelo seu tempo socialmente necessário.
Em outras palavras, o liberalismo é
um conjunto de ideias que defendem a liberdade dos indivíduos, sendo porém que
é mais associada ao sistema de mercado, mas a própria democracia representa o
liberalismo[1].
Neoliberalismo:
O neoliberalismo não tem uma
corrente de pensadores, alguns dizem que o Keynes seria uma base desse
pensamento, devido defender que a economia não pode ser totalmente livre,
precisando da gerência do Estado. Penso porém que não seja conveniente afirmar
que esse autor seja um neoliberal.
O neoliberalismo acaba sendo mais
uma prática política do que uma linha de pensamento sistematizada com autores
definidos, assim, o que vai marcar o neoliberalismo são os governos de Margath
Tatcher na Inglaterra e de Ronald Reagan, nos Estados Unidos.
Antes desses personagens ascenderem
à condição de chefe de Estado, a política dominante nos estados era
socialdemocrata, ou estado de bem estar social. E antes deste era o modelo
liberal que entrou em crise depois da quebra da bolsa de valores em 1929.
Mas não se deve achar, porém, que o
neoliberalismo é um retorno ao antigo liberalismo, e que a única diferença
seria o termo “neo”. Quando estava sendo definido o que seria o neoliberalismo
se pensava numa revisão do liberalismo, o sociólogo e economista Alexandre
Rustow, pensava na época em fazer um modelo de economia liberal, mas que
mantivesse o assistencialismo. Hoje, o termo tem um sentido de privatizar sem
ter preocupação com o social. O economista José Monir Nasser acredita que o
neoliberalismo é uma relação do estado com a economia onde aquele privatiza as
estatais e passa a ter um controle das empresas através de empréstimos. Ou
seja, a economia é totalmente privada, mas teria forte dependência do Estado,
tendo que cumprir com certas normas exigidas por este. Na perspectiva desse
economista o neoliberalismo é uma forma que o governo encontrou para fazer com
que as empresas tenham “responsabilidade social”, nesse sentido, o autor em
questão acredita que o neoliberalismo não é liberal.
Thatcher
e o Neoliberalismo
A Margaret Thatcher assumiu vários
cargos públicos antes de se tornar a primeira ministra da Inglaterra, em 55 se
tornou parlamentar, depois ministra da educação, sendo mais tarde a líder da
oposição um pouco antes de vencer as eleições de 1979.
Sua vida na infância já mostrava
alguns elementos de interesse na política, foi líder estudantil na escola; seu
pai foi vereador e tinha pensamento liberal, era também metodista. Thatcher se
mostrava boa aluno, com excelentes notas.
Thatcher se destacou na oposição ao
governo socialdemocrata, sua política era totalmente avessa a este. Nesse
sentido, faria do seu governo justamente o contrário do que era o Bem Estar
Social. Segundo Claus Offe, ocorreu uma crise do Estado do bem estar social,
provocada pelos grandes gastos do governo com a população, tendo gerado nesse
sentido uma inflação. O autor ainda fala que a crise do socialismo contribui
para o fim do estado de bem estar social, além do crescimento da economia
emergentes que assustavam os países mais ricos.
A política de Thatcher foi bastante
impopular, as diversas leis trabalhistas conquistas pelos sindicatos e
trabalhadores foram flexibilizadas, o mecanismo de negociação entre patrões e
empregados tinha sido enfraquecido. O argumento era de que a flexibilização das
leis de trabalho traria mais emprego ao dar mais condições dos patrões
contratarem empregados, chegou ao ponto de acabar com o salário mínimo. A
consequência porém acabou saindo de forma contrária do esperado, ou melhor,
declarado pela primeira ministra, pois houve um crescimento no número de
desempregados. É preciso levar em conta ainda que antes havia um sistema de
proteção de certas empresas, onde estas recebiam alguns benefícios e proteção
do Estado, no caso das menores, e ainda outras mais ligadas ao Wafare state
tinha privilégios na obtenção de matérias primas, a Thatcher acabou com esses
sistemas, abrindo o mercado para a ampla concorrência, o que fez com que
pequenas empresas falissem.
Outra ação da Thatcher foi desregulamentação
dos bancos, deixando esses agirem da forma que lhes conviessem, tendo, dessa
forma, um aumento das taxas de juros, o que aumentou ainda mais a inflação que
a primeira ministra tentava combater. Sua popularidade caiu bastante com essas
ações. O seu governo porém não recuava em sua política neoliberal, o que
incomodava os sindicatos. Houve, inclusive um atentado contra ela que teria
sido feito por sindicalistas, tendo em vista que as relações com os sindicatos
foram tensas, com repressão de diversas greves que ocorreram em vários setores
na tentativa de parar a política de Thatcher.
Os diversos setores sociais que eram
controlados pelo Estado foram privatizados, as escolas, hospitais, vários
programas foram abolidos, as merendas escolares pararam de ser dadas nas
escolas, etc. Nada disso conseguiu levantar a economia como pretendia a
Thatcher. É interessante lembrar que ela era do Partido Conservador, que esteve
no poder antes do Party Labory (Partido Trabalhista), sua volta ao poder ficou
conhecida como Onda Torie. O Partido Trabalhista retorna com outro nome com o
Tony Blayr. O que conseguiu levantar um pouco a imagem da Dama de Ferro foi a
vitória na guerra das Malvinas, onde agiu de forma enérgica, tendo grande apoia
da imprensa inglesa, isso resultou numa eleição com uma vitória folgada em
relação ao adversário.
Na sua política exterior ela se
opunha a uma União Europeu, não concordava com a formação de um bloco
econômico, isso resultará em tensões com a direção de seu partido. Outra
questão importante foi a sua relação com Brejenev, onde ela o acusava de ferir
os direitos humanos no Afeganistão, que estava ocupado pela União Soviética, o
líder soviético rebateu as acusações fazendo críticas ao governo neoliberal da
Thatcher, principalmente ao que dizia respeito ao modo de ação com as colônias
inglesas.
Sindicalismo
As
consequências do governo de Thatcher para os sindicatos foram devastadoras. Com
o número de desemprego os sindicatos ficaram fragilizados, não tendo mais como
fazeres suas greves perdiam prestigiam entre os trabalhadores. O neoliberalismo
é marcado como uma ação que desmantela os sindicatos, autores como David Harvey
falam bem disso.
O
Ricardo Antunes apresenta alguns elementos que ajudam a enfraquecer os
sindicatos nesse momento, é o caso do sistema de produção toyotista. Diferente
do fordista este enxuga o a folha de pagamento dos trabalhadores demitindo
muitos trabalhadores. O sistema flexibilizava a produção, se adaptando as aos
recursos, e tornando o trabalhador parte integrante da fábrica. Esse sistema
não tem relação com o sistema político neoliberal, foi fruto da ação do próprio
mercado em busca de mais lucros. Mas trouxe consequências gigantescas para os
sindicatos que ficaram marcadas. Os sindicatos praticamente se tornaram
submissos as empresas que adotavam esse modelo de produção, o sindicato cada
vez mais se tornava um elemento figurativo e de pouca importância. O Tony Blayr
abri novas relações com os sindicatos, mas tendo esses ainda muito
subservientes.
A
questão é perceber se foram apenas as questões políticas do neoliberalismo que
provocaram esse enfraquecimento dos sindicatos, ou se esse modelo de produção
independente do Estado foi mais decisivo que o primeiro.
Outra
coisa importante, é que os governos que vem depois desses neoliberalistas ainda
serão vistos como neoliberais, é o caso do PT no Brasil, porém suas ações
sociais são bastante acentuadas.
Referências
ANTUNES, Ricardo. Sentidos do Trabalho.
HRVEY, David. Neoliberalismo.
SMITH, Adam. A Riqueza das Nações.
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