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domingo, 4 de janeiro de 2015

SINDICATO, NEOLIBERALISMO E THATCHER






Liberalismo:

            O liberalismo tem suas raízes com as lutas contra as perseguições religiosas na Inglaterra, tem um momento de desenvolvimento com a Revolução Americana e mais tarde com a Revolução Francesa. Não se deve entender essa ideia apenas como uma concepção econômica, pois mesmo os economistas que estiveram envolvidos com a construção desse pensamento não se limitaram a isso. A base do liberalismo é propriedade, liberdade individual, e preço de mercado. Para os economistas somente com a liberdade individual é possível que o mercado possa se desenvolver, Adam Smith acreditava que o que fazia os produtos melhorarem eram os interesses individuais os produtores em conseguir agradar seus clientes a fim de ganharem mais dinheiro, dessa forma a natureza do liberalismo seria proporcionar melhoria na qualidade dos produtos e consequentemente na vida das pessoas, ele criou a ideia de que o Estado não deveria se envolver com a economia a deixando livre para crescer, enfatizando que existia uma mão invisível que guiava o mercado. Outros pensadores liberais são Friecrich Haiek, que desenvolveu a ideia de ordem espontânea; David Ricardo, J. B. Say; Turgot; Otto von Mises. É preciso dizer ainda que todos esses concordam com os três pontos elencados a cima, porém existe uma diferença na questão do preço, onde Adam Smith dizia que o preço estava ligado ao valor do trabalho, já o Mises acreditava que o preço é determinado pelo dinâmica do mercado. O Marx vai depois de Smith dizer ainda que o trabalho é medido pelo seu tempo socialmente necessário.
            Em outras palavras, o liberalismo é um conjunto de ideias que defendem a liberdade dos indivíduos, sendo porém que é mais associada ao sistema de mercado, mas a própria democracia representa o liberalismo[1].

Neoliberalismo:

            O neoliberalismo não tem uma corrente de pensadores, alguns dizem que o Keynes seria uma base desse pensamento, devido defender que a economia não pode ser totalmente livre, precisando da gerência do Estado. Penso porém que não seja conveniente afirmar que esse autor seja um neoliberal.
            O neoliberalismo acaba sendo mais uma prática política do que uma linha de pensamento sistematizada com autores definidos, assim, o que vai marcar o neoliberalismo são os governos de Margath Tatcher na Inglaterra e de Ronald Reagan, nos Estados Unidos.
            Antes desses personagens ascenderem à condição de chefe de Estado, a política dominante nos estados era socialdemocrata, ou estado de bem estar social. E antes deste era o modelo liberal que entrou em crise depois da quebra da bolsa de valores em 1929.
            Mas não se deve achar, porém, que o neoliberalismo é um retorno ao antigo liberalismo, e que a única diferença seria o termo “neo”. Quando estava sendo definido o que seria o neoliberalismo se pensava numa revisão do liberalismo, o sociólogo e economista Alexandre Rustow, pensava na época em fazer um modelo de economia liberal, mas que mantivesse o assistencialismo. Hoje, o termo tem um sentido de privatizar sem ter preocupação com o social. O economista José Monir Nasser acredita que o neoliberalismo é uma relação do estado com a economia onde aquele privatiza as estatais e passa a ter um controle das empresas através de empréstimos. Ou seja, a economia é totalmente privada, mas teria forte dependência do Estado, tendo que cumprir com certas normas exigidas por este. Na perspectiva desse economista o neoliberalismo é uma forma que o governo encontrou para fazer com que as empresas tenham “responsabilidade social”, nesse sentido, o autor em questão acredita que o neoliberalismo não é liberal.
           



Thatcher e o Neoliberalismo

            A Margaret Thatcher assumiu vários cargos públicos antes de se tornar a primeira ministra da Inglaterra, em 55 se tornou parlamentar, depois ministra da educação, sendo mais tarde a líder da oposição um pouco antes de vencer as eleições de 1979.
            Sua vida na infância já mostrava alguns elementos de interesse na política, foi líder estudantil na escola; seu pai foi vereador e tinha pensamento liberal, era também metodista. Thatcher se mostrava boa aluno, com excelentes notas.
            Thatcher se destacou na oposição ao governo socialdemocrata, sua política era totalmente avessa a este. Nesse sentido, faria do seu governo justamente o contrário do que era o Bem Estar Social. Segundo Claus Offe, ocorreu uma crise do Estado do bem estar social, provocada pelos grandes gastos do governo com a população, tendo gerado nesse sentido uma inflação. O autor ainda fala que a crise do socialismo contribui para o fim do estado de bem estar social, além do crescimento da economia emergentes que assustavam os países mais ricos.
            A política de Thatcher foi bastante impopular, as diversas leis trabalhistas conquistas pelos sindicatos e trabalhadores foram flexibilizadas, o mecanismo de negociação entre patrões e empregados tinha sido enfraquecido. O argumento era de que a flexibilização das leis de trabalho traria mais emprego ao dar mais condições dos patrões contratarem empregados, chegou ao ponto de acabar com o salário mínimo. A consequência porém acabou saindo de forma contrária do esperado, ou melhor, declarado pela primeira ministra, pois houve um crescimento no número de desempregados. É preciso levar em conta ainda que antes havia um sistema de proteção de certas empresas, onde estas recebiam alguns benefícios e proteção do Estado, no caso das menores, e ainda outras mais ligadas ao Wafare state tinha privilégios na obtenção de matérias primas, a Thatcher acabou com esses sistemas, abrindo o mercado para a ampla concorrência, o que fez com que pequenas empresas falissem.
            Outra ação da Thatcher foi desregulamentação dos bancos, deixando esses agirem da forma que lhes conviessem, tendo, dessa forma, um aumento das taxas de juros, o que aumentou ainda mais a inflação que a primeira ministra tentava combater. Sua popularidade caiu bastante com essas ações. O seu governo porém não recuava em sua política neoliberal, o que incomodava os sindicatos. Houve, inclusive um atentado contra ela que teria sido feito por sindicalistas, tendo em vista que as relações com os sindicatos foram tensas, com repressão de diversas greves que ocorreram em vários setores na tentativa de parar a política de Thatcher.
            Os diversos setores sociais que eram controlados pelo Estado foram privatizados, as escolas, hospitais, vários programas foram abolidos, as merendas escolares pararam de ser dadas nas escolas, etc. Nada disso conseguiu levantar a economia como pretendia a Thatcher. É interessante lembrar que ela era do Partido Conservador, que esteve no poder antes do Party Labory (Partido Trabalhista), sua volta ao poder ficou conhecida como Onda Torie. O Partido Trabalhista retorna com outro nome com o Tony Blayr. O que conseguiu levantar um pouco a imagem da Dama de Ferro foi a vitória na guerra das Malvinas, onde agiu de forma enérgica, tendo grande apoia da imprensa inglesa, isso resultou numa eleição com uma vitória folgada em relação ao adversário.
            Na sua política exterior ela se opunha a uma União Europeu, não concordava com a formação de um bloco econômico, isso resultará em tensões com a direção de seu partido. Outra questão importante foi a sua relação com Brejenev, onde ela o acusava de ferir os direitos humanos no Afeganistão, que estava ocupado pela União Soviética, o líder soviético rebateu as acusações fazendo críticas ao governo neoliberal da Thatcher, principalmente ao que dizia respeito ao modo de ação com as colônias inglesas.



Sindicalismo

As consequências do governo de Thatcher para os sindicatos foram devastadoras. Com o número de desemprego os sindicatos ficaram fragilizados, não tendo mais como fazeres suas greves perdiam prestigiam entre os trabalhadores. O neoliberalismo é marcado como uma ação que desmantela os sindicatos, autores como David Harvey falam bem disso.
O Ricardo Antunes apresenta alguns elementos que ajudam a enfraquecer os sindicatos nesse momento, é o caso do sistema de produção toyotista. Diferente do fordista este enxuga o a folha de pagamento dos trabalhadores demitindo muitos trabalhadores. O sistema flexibilizava a produção, se adaptando as aos recursos, e tornando o trabalhador parte integrante da fábrica. Esse sistema não tem relação com o sistema político neoliberal, foi fruto da ação do próprio mercado em busca de mais lucros. Mas trouxe consequências gigantescas para os sindicatos que ficaram marcadas. Os sindicatos praticamente se tornaram submissos as empresas que adotavam esse modelo de produção, o sindicato cada vez mais se tornava um elemento figurativo e de pouca importância. O Tony Blayr abri novas relações com os sindicatos, mas tendo esses ainda muito subservientes.  
A questão é perceber se foram apenas as questões políticas do neoliberalismo que provocaram esse enfraquecimento dos sindicatos, ou se esse modelo de produção independente do Estado foi mais decisivo que o primeiro.
Outra coisa importante, é que os governos que vem depois desses neoliberalistas ainda serão vistos como neoliberais, é o caso do PT no Brasil, porém suas ações sociais são bastante acentuadas.




Referências

ANTUNES, Ricardo. Sentidos do Trabalho.
HRVEY, David. Neoliberalismo.
SMITH, Adam. A Riqueza das Nações.


             







[1] Ver Noberto Bobbio, Liberalismo e Democracia. 

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