O autor tem um vasto trabalho
voltado para a cultura popular, mesmo os seus trabalhos voltados para a luta de
classes, como é o caso de “A formação da classe operária Inglesa”[1], os costumes e cultura do
povo, tem papel importante em seus trabalhos. Essa característica peculiar
levou autores como Peter Burke a classifica-lo de marxista cultural, numa
reflexão se a Escola Cultura absorvia o marxismo ou se o contrário[2].
O autor usa u termo muito muito
conhecido que é o de “economia moral da plebe”, que se refere as normas morais
que inibiam as práticas políticas e econômicas contra os mais pobres. Assim, se
um comerciante vendesse mais caro, havia protestos e até saques, se a cobrança
de impostos fosse abusiva ocorria o mesmo.
De fato a legislação se guiava pelos
os costumes, e ainda hoje a Inglaterra é guiada por costumes, que se chama lei consuetudinária.
Penso que esse artigo do Thompson,
Rough Músic, escrito no livro Costumes em Comum, mostre essa força dos costumes
populares.
O Rough Música não somente modo de
diversão da população, ela tem um caráter disciplinador, corrigindo e impedindo
que certas práticas sociais se repitam.
Nesse sentido, certas práticas eram
coagidas pela própria população, onde se faziam barulhos ou com instrumentos
musicais e até mesmo com qualquer coisa encontrada na frente, pedra, pau, etc.
Se um homem batesse na mulher, teria
uma grupo de pessoas que iria passar o dia o vaiando fazendo barulho e
ameaçando-o de forma cômica. Os toques físicos não se davam como regras, apenas
haviam xingamentos, por vezes pesados, o que fazia com que o açoitado se
revoltasse e partisse para briga, quando isso acontecia era comum que se
extrapolasse os limites da intimidação.
Esses rituais eram chamados também
de Cherivari, e eram praticados em outros lugares da Europa.
Se uma mulher traísse seu marido,
teria o mesmo fim se fosse descoberta, seria xingada, nesse mesmo ritual. O
homem porém era açoitado e duas ocasiões, bem distintas, se batesse e se
apanhasse da mulher, nos deu casos era o homem que seria humilhado na frente da
população. Penso que no segundo caso pudesse haver menos euforia, mas isso é
apenas especulação.
A mulher poderia sofrer esse tipo de
situação caso viesse a se casar com um homem bem mais velho que ela, pois isso
denotava interesse.
Uma coisa que critico é tentar
enxergar essas questões do ponto de vista de um patriarcado opressor, como se
fosse uma forma de regular partido da “classe dominante”, o macho, assim
impedir uma liberdade da mulher seria esse retrato do machismo da época, mas
quando o marido bate na mulher e é xingado, ou quando apanha e é xingado, como
vê machismo nisso? Penso que isso seja uma tendência em se vê tudo tendo por
base uma luta dos sexos, em outras palavras é como se regras e costumes fossem
feitas apenas por homens e para os homens. Penso que isso seja bem reproduzido
na academia, uma visão que apenas mudou de “como encontrar ideologia burguesa
nisso?” para “como encontrar machismo nisso?”. Mas quem sou eu para falar? Ora,
eu sou macho, e tudo o que estou escrevendo pode representar uma forma de
oprimir a mulher (ironia). Essa visão me parece um tanto limitada.
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