Pesquisar este blog

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

A Rough Music: lei consuetudinária




            O autor tem um vasto trabalho voltado para a cultura popular, mesmo os seus trabalhos voltados para a luta de classes, como é o caso de “A formação da classe operária Inglesa”[1], os costumes e cultura do povo, tem papel importante em seus trabalhos. Essa característica peculiar levou autores como Peter Burke a classifica-lo de marxista cultural, numa reflexão se a Escola Cultura absorvia o marxismo ou se o contrário[2].
            O autor usa u termo muito muito conhecido que é o de “economia moral da plebe”, que se refere as normas morais que inibiam as práticas políticas e econômicas contra os mais pobres. Assim, se um comerciante vendesse mais caro, havia protestos e até saques, se a cobrança de impostos fosse abusiva ocorria o mesmo.
            De fato a legislação se guiava pelos os costumes, e ainda hoje a Inglaterra é guiada por costumes, que se chama lei consuetudinária.
            Penso que esse artigo do Thompson, Rough Músic, escrito no livro Costumes em Comum, mostre essa força dos costumes populares.
            O Rough Música não somente modo de diversão da população, ela tem um caráter disciplinador, corrigindo e impedindo que certas práticas sociais se repitam.
            Nesse sentido, certas práticas eram coagidas pela própria população, onde se faziam barulhos ou com instrumentos musicais e até mesmo com qualquer coisa encontrada na frente, pedra, pau, etc.
            Se um homem batesse na mulher, teria uma grupo de pessoas que iria passar o dia o vaiando fazendo barulho e ameaçando-o de forma cômica. Os toques físicos não se davam como regras, apenas haviam xingamentos, por vezes pesados, o que fazia com que o açoitado se revoltasse e partisse para briga, quando isso acontecia era comum que se extrapolasse os limites da intimidação.
            Esses rituais eram chamados também de Cherivari, e eram praticados em outros lugares da Europa.
            Se uma mulher traísse seu marido, teria o mesmo fim se fosse descoberta, seria xingada, nesse mesmo ritual. O homem porém era açoitado e duas ocasiões, bem distintas, se batesse e se apanhasse da mulher, nos deu casos era o homem que seria humilhado na frente da população. Penso que no segundo caso pudesse haver menos euforia, mas isso é apenas especulação.
            A mulher poderia sofrer esse tipo de situação caso viesse a se casar com um homem bem mais velho que ela, pois isso denotava interesse.
            Uma coisa que critico é tentar enxergar essas questões do ponto de vista de um patriarcado opressor, como se fosse uma forma de regular partido da “classe dominante”, o macho, assim impedir uma liberdade da mulher seria esse retrato do machismo da época, mas quando o marido bate na mulher e é xingado, ou quando apanha e é xingado, como vê machismo nisso? Penso que isso seja uma tendência em se vê tudo tendo por base uma luta dos sexos, em outras palavras é como se regras e costumes fossem feitas apenas por homens e para os homens. Penso que isso seja bem reproduzido na academia, uma visão que apenas mudou de “como encontrar ideologia burguesa nisso?” para “como encontrar machismo nisso?”. Mas quem sou eu para falar? Ora, eu sou macho, e tudo o que estou escrevendo pode representar uma forma de oprimir a mulher (ironia). Essa visão me parece um tanto limitada. 
           




           



[1] Uma tradução mais correta seria O fazer-se da Classe operária Inglesa.
[2] BURKE, Peter. O que é a história cultural. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário