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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

ACERCA DO SENTIMENTO DO SUL EM RELAÇÃO ÀS ELEIÇÕES




E aí, é justo dividir o Brasil? Estou acostumado a ouvir que quem defender o Brasil como pátria é chauvinista, que patriotismo é ideologia burguesa. Sempre ouvi vozes que desejavam separar o nordeste do Brasil, agora é o contrário. E pelo o que eu estou vendo parece que os nordestinos repudiam essa ideia.
Eu acho que todos têm direito de decidir sobre suas nacionalidades, se o Sul quer se separar, não acho que devo ser contra. Sei que isso é anticonstitucional, mas também acho antidemocrático que eles tenham que se submeter ao que não querem. Na questão das Malvinas vi partidos de esquerda como o PCO dizer que mesmo que o povo escolha pertencer ao Reino Unido, ele tem que ser argentino. Acho isso, um absurdo, é ferir a identidade de um povo. Eu não vou compactuar com os discursos de ridicularizar o sentimento dos sulistas, independentes se são burgueses, conservadores, reacionário, nazistas, etc. (é muito privilégio poder xingar o sul enquanto eles não podem falar nada sobre nós), acho que seus sentimentos devem ser respeitados.
Eu, sinceramente, estou muito acostumado com o atual mapa do Brasil, e tenho fortes sentimentos por ele, apesar de só conhecer o ônibus que passa próximo do Cristo Redentor, mas não consigo aceitar que um povo que não se sinta parte de uma nação tenha que se ver como sendo pertencente a ela.
O discurso de que eles são burgueses é superficial, lá está a classe de trabalhadores industriais também, fazendeiros ricos e pobres. Será mesmo que 49% dos votos representam a burguesia que explora os 51%? Tem se falado muito em autonomia dos povos, e acho que esse é um caso. Sei que muitos sulistas não querem isso, e que parte desses movimentos são "fogo de palha" devido às eleições. Em mim dói muito separar o Brasil, mas acho que dói mais em quem não quer fazer parte dele ter que fazer parte.
Vamos parar com isso de que eles são "reaças" e estão manifestando seu conservadorismo, Dilma ganhou em aéreas extremamente burguesas de Minas Gerais, acho que a questão vai além de duas classes. Eles simplesmente não se identificam com as políticas que vem sendo aplicadas. Talvez eles não consigam se separar mesmo que façam uma revolução, já que é da "natureza" do Brasil esse império, mas acho que devíamos conceder ao menos mais autonomias aos estados, sei que parece um retrocesso quando a defesa majoritária da intelectualidade é a federalização de tudo, da educação, da polícia, etc., mas essas perspectivas não passam de um neopositivismo que acredita que a história tem um sentido, os sentidos são construídos por quem fala no momento, e quem fala no momento é a USP.
Sei que muitos sonham com esse mundo globalizado e sem fronteiras, o fim de ideologias e crenças, o fim da ditadura da moral judaico-cristã, fim do ocidente, fim da ditadura 'biologigista", o sonho de um mundo único já foi derrubado noutros momentos, na Torre de Babel, Roma Antiga, e parece que estamos vivendo um novo processo de derrubada do globalismo. Os bárbaros se levantam contra Roma.
Acho que não é absurdo defender a autonomia dos Estados, na verdade sempre gostei desse projeto e acho que cairia bem divulgá-lo agora. Nos EUA isso garantiu que os estados do sul pudessem manter suas identidades - ah, mas eles são escravistas, mas eles têm sua própria identidade - enquanto no norte do país as armas foram proibidas no sul elas são autorizadas e vendidas naturalmente, e até onde sei o sul é a região que menos tem assaltos e assassinatos, existe uma lenda que no Texas pode-se andar pela madruga na rua sem medo algum, mas o mesmo não se pode falar de Nova York.
O fato é que os povos sabem o que é melhor para si, cada um tem sua própria peculiaridade. Certa vez perguntei a um amigo meu que é americano se ele achava que o processo eleitoral nos Estados Unidos era democrático, ele me respondeu que se fosse aqui não seria, mas lá é. Um mesmo processo pode ser democrático em um povo e em outro não. Por exemplo, imagine se no Brasil as eleições fossem facultativas, isso teria garantido que apenas a elite conservadora se mantivesse no poder, quer dizer, obrigar o povo a votar aqui acaba sendo o mais democrático. Acho que já podemos acabar com o voto obrigatório, mas em outros tempos, não daria certo.
Para os internacionalistas que defendem a sovietização, é preciso lembrar que na URSS as nações tinham autonomias. Talvez tivesse falhas, mas tinha, não é por menos que Stalin era chamado de Pai do Povos e não pai do povo.
Sou partidário de autonomia dos estados, acho que cada povo tem seu projeto de educação, de saúde, e eu não quero simplesmente obedecer as regras da ONU para essas áreas. Eu ainda seria mais ousado e defenderia a autonomia dos municípios, aí vão dizer, "mas Ivson assim a educação não chagar nos pequenos municípios", quem disse que o projeto da ONU e consortes é o melhor para os municípios.
Acho interessante que hoje existe um verdadeiro complô contra o branco europeu com acusações de eurocentrismo, dizendo que eles impuseram sua moral e seus conceitos ao resto dos povos, mas acho que estamos indo no mesmo caminho, porém de forma pior, por que agora não se cala os povos com armas e prisões, mas com o discurso do politicamente correto. Você pode falar tudo o que você quiser desde que.... Ser diferente é ser de direita, ser de direita é ser malvado, eu prefiro a Inquisição, e quanto mais esses argumentos são soltos no ar, mas eu sonho em um dia em que a Inquisição volte a oprimir, pois pelo menos os ataques eram físicos e não morais.
Ser sulista e dizer que nordestino é burro não significa que eles sejam de direita, mas que eles estão com raiva das eleições. Se fosse o contrário o facebbok estaria cheio de vídeo dizendo que os sulistas são fascistas, elite branca, etc.. São sentimentos deles, ou pelo menos desses que falaram, a importância que se dá isso é que me assusta. Eu não me incomodo com o que eles dizem sobre nós, pois o tempo todo ouço todo tipo de afirmações sobre sulistas, americanos, etc., se nós falamos, é obvio que eles também falam. "ah, mas é diferente, nós falamos de um jeito e eles de outro", onde fica aquela velha alteridade uspiana nessa hora? Ela só vale para cobrar o branco europeu? Quem é esse grande juiz que pode dizer que um grupo ofende quando fala e outro não ofende? "eu posso falar, por que estou com a ciência que é absoluta, você é fundamentalista que acredita na bíblia, eu falo a verdade que liberta você mente, eu falo o justo você ofende quando fala", disse o dono da escala métrica.

Em vez de acirrarmos essa luta entre o sul e o norte, vamos ouvi-los, quando se brinca com os sentimentos dos "separatistas" se dá mais incitações ao movimento. Se eles acreditam que não queremos nos separar podem dizer que fazemos isso para explorá-los, e ganhar a massa que vai percebendo que essas ideias são tidas como ridículas no norte. Por isso, prefiro um processo de autonomia a ver uma revolução separatista no país. Acho que autonomia aos Estados reduziria esse sentimento antagônico que vem sendo produzido.

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