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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A DESTRUIÇÃO DA ARISTOCRACIA BRASILEIRA





           
            Muitos acreditam que estamos vivendo uma sovietização no Brasil, que o país vai se tornar uma Cuba, ambas ideias vêm da direita, no Brasil esse pensamento político não possui referências concretas, seus ideólogos são politicamente míopes, e acreditam que tudo é comunismo. A verdade é que a Revolução Francesa está em andamento, ela derrubou os reis, mais ainda não derrubou a aristocracia totalmente. Em vários países, o capitalismo existe apenas como uma ideia, e o liberalismo não tem o mínimo de chance de ser implantado.
            Para continuar esse texto preciso explicar o meu conceito de aristocracia. Na Idade Média existia uma classe que tinha o monopólio do Estado, ela exercia as atividades de poder, e era mantida pelo imposto. Essa classe possuía terra, mas não quero colocar isso como um elemento fundamental da aristocracia, mas apenas colocar que ela é um grupo de pessoas que se mantem no poder.
            No Brasil essa classe também existiu, ela era muito diferente da nobreza de Portugal, já que não era de sangue azul de fato, pois muitos que para cá vieram eram plebeus a procura de melhorar suas vidas. Com o tempo surge uma classe ligada à terra, era a aristocracia.
            Divido essa classe em dois principais setores, a aristocracia rural e a urbana. A primeira é constituída de senhores que possuem terras e empregam seus trabalhadores (escravos ou livres) nela. A segunda é uma classe que detém cargos nos centros urbanos, ela também tem ligações com a terra, mas são diferentes.
            Onde essa classe foi parar? Bom, a rural continua no mesmo lugar, e continua vivendo no mesmo modo de produção. A urbana exercia cargos públicos, porém com o desenvolvimento da burguesia, começou um processo de destruição dessa classe, e o concurso público foi um método para isso. Além disso, o nepotismo também foi duramente atacado. Essa classe porém é organizada, e mesmo sem ter coragem de enfrentar a burguesia nascente se articula para se manter no poder, e com o seu modelo de vida intacto. Assim, foi estabelecido o concurso, porém, a aristocracia é instruída, ela pode continuar exercendo suas funções pela meritocracia.
            Essa classe frequentava a universidade, formava seus intelectuais, alguns até traidores de suas classes, principalmente os que foram estudar na França. Faziam o curso de direito e exerciam seus cargos. Hoje, a aristocracia continua em parte nesse modelo, mandam seus filhos para as universidades públicas estudar direito, e fazem concurso para trabalharem no Estado. A burguesia para não entrar em choque permitiu que essa classe continuasse inserida na justiça, não pediram que fosse realizada eleição para cargo de juízes. Houve nesse curso uma democratização, a plebe passou a estudar direito em faculdades privadas. Os profissionais trabalham no setor privado de advocacia. Se procurarmos veremos que nos principais cargos da justiça são exercidos pelos nomes que tanto lemos nos livros de história do Brasil, Albuquerque, Cavalcanti, etc.
            A aristocracia se forma nos cursos que são tradicionais e que garantem boa remuneração. Para tanto, precisam monopolizar os meios de garantir com que esses cursos sejam monopolizados. O vestibular cumpriu com esse papel. Em direito vimos que é o concurso que garante o monopólio de vagas de trabalho. Outro exemplo é na medicina, além do monopólio do curso, ainda existe um método de manter equilibrada as relações empregados-empregadores. O Conselho de Medicina do Brasil, cumpre com esse papel, ele dá o visto a quem vai exercer, limitando o número de médicos, e ainda tem o poder de dizer qual universidades podem oferecer o curso de medicina.
            Normalmente os conselhos tendem a permitir que aumente o número de profissionais trabalhando, pois isso lhe garante mais taxa de filiação, mas nesse caso é uma classe que precisa se manter, então o conselho trabalha para impedir abertura de cursos, para que os médicos fiquem à vontade na escolha do local de trabalho. Ó obvio que o patrão do hospital privado se aborrece com isso, pois o custo do profissional é alto, mas nada podem fazer contra uma classe que detém poder.
            A aristocracia é uma classe que não se vê em disputa por mercado, ela é acostumada a viver sem grandes preocupações, o status lhe é mais importante que o dinheiro. De fato, ela tem perdido o poder político, já que membros de outras classes sobem ao poder, porém ainda possuem seus representantes.
            A outra forma de poder da aristocracia é o militar, a oficialada representa essa classe.
            Para a burguesia é preciso acabar com todas essas formas de monopólio do poder, elas atrapalham tanto quanto atrapalhava o rei. Poder concentrado em grupos é perigoso para a burguesia, ela precisa distribuir o poder e torna-lo rotativo, para que não exista concentração. É por esse motivo que está acontecendo uma reforma social para destruir a aristocracia. O Enem sérvio para tirar da aristocracia o monopólio do vestibular, as cotas para que outros grupos ingressem nos cursos monopolizados, ainda está havendo uma popularização da universidade para que a plebe possa desmoralizar a nobreza. O concurso teve essa função também. Mas recentemente vimos sendo trazidos os médicos cubanos, o intuito é unicamente desmoralizar a classe e retirar seu privilégio.
            No exército, temos o sistema de concurso público, e agora temos a ameaça de prender os torturadores. Os resquícios dos regimes feudais estão sendo destruídos. A classe detentora do monopólio do saber está sendo dilapidada. Não pretendo dizer que as relações capitalistas serão melhores, mais essas mudanças constituem importância, mesmo que quem dirija ela seja as classes liberais, e que elas iram impor ainda mais sofrimento ao povo que as classes anteriores, porém, quando ocorre essa troca de poder existe uma oportunidade para que o proletariado e outras classes exploradas tomem o poder. O PT tem o mesmo papel de Kerenki na Rússia, a diferença é que o PT já está no poder a 12 anos, e Kerenski ficou apenas alguns meses, mas não existe um partido bolchevique que dirija a derrubada do governo burguês. 


            

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