O ensino
O
ensino e a aprendizagem constituem uma unidade, devem acorrer ao mesmo tempo.
Não há ensino se não ocorre aprendizagem. O ensino é uma atividade que se
encontra na figura do professor e a aprendizagem é uma atividade mental do
aluno. Para o autor essa relação não deve ser mecânica, onde o professor é quem
ensina e o aluno aprende – educação bancária – mas deve haver reciprocidade.
Segundo
o autor, existem formas de aprendizagem, sendo uma causal e outra organizada. A
primeira constitui as primeiras formas de aprendizagem que se dão no contato
com o meio externo, as experiências, as emoções, etc, vão contribuindo para uma
formação intelectual primitiva. Esse saber adquirido através da relação com o
meio é a base para os próximos aprendizados que são mais elevados. A outra, a
organizada, constitui as formas de saber que são adquiridas de forma planejada
e intencional, aqui não são acidentes que produzem saber, mas a atividade
mental individual dos envolvidos no processo. Essas duas formas de aprendizado
precisam ser vistas combinadas.
A
partir dessa concepção anterior, Libâneo apontou níveis de aprendizagem, o
reflexo e o cognitivo. O primeiro se relaciona com a aprendizagem casual, mas
aqui tem que ser vista com uma forma de facilitar a aprendizagem dos alunos a
partir de experiências provocadas pelo professor, onde esse conduzirá os alunos
ao contato com a realidade, provocando o aprendizado básico. No cognitivo,
entra a atividade mental dos alunos, o professor deve possibilitar que os conceitos
adquiridos pela experiência se tornem ideias a serem trabalhadas
cognoscitivamente. A consolidação desse aprendizado precisa do retorno à
prática, fazendo uma combinação das atividades sensorial, mental e práticas.
Esse
processo deve ser encarado a partir da visão de unidade entre ensino e
aprendizagem, o professor deve organizar bem as matérias para que o conteúdo
possa ser adquirido pelos alunos no processo de assimilação ativa. Para tanto é
preciso que se leve em consideração a organização lógica do conteúdo, tendo em
vista os níveis de complexidade das atividades; e também a organização
psicológica que leva em consideração os níveis mentais dos alunos e suas
realidades sociais.
É
preciso ter em vista ainda que o ensino é um processo mediador e não apenas de
transmissão de conhecimento, é preciso que se observe as condições para que os
alunos se tornem sujeitos ativos na aprendizagem. O autor aponta três funções
inseparáveis do ensino: a organização dos conteúdos para que os alunos possam
ter relação subjetivas com eles; ajuda os alunos a compreenderem as suas
possibilidades de aprenderem; dirigir a controlar as atividades para os
objetivos da aprendizagem.
Nesse
sentido vemos que a atividade mental individual dos alunos é indispensável,
porém isso não significa que o professor deva esperar o despertar do aluno, mas
sim o de provocar através do aprendizado reflexo as condições do aluno
interagir com o assunto dado em sala de aula. Toda atividade do professor deve
buscar esse estímulo interno dos alunos, desde a organização sistemática da
aula até o momento prático de interação em sala.
Nesse
sentido, é importante ver como tarefa do professor o papel de estimular e
impulsionar o processo de aprendizagem. Como o ensino tem caráter pedagógico é
preciso que os objetivos sejam claros.
A
aprendizagem é uma assimilação dos conhecimentos sistematizados deixados pela
sociedade.
Ao
professor cabe possibilitar o envolvimento do aluno ativo do aluno, para que
ele assimile em vez de memorizar. Não se pode cair no erro, também, de achar
que o professor deve apenas facilitar, sem fazer exigências do aluno, é preciso
que ele esteja ativo nesse processo.
Na
entrevista à professora Maria (gravada em vídeo) a entrevistada respondeu que
“ensinar é aprender e aprender é ensinar”, afirmando que os dois processos se
dão concomitantemente. Além disso, falou que o ensino é uma construção, que
muitas vezes precisa ser desconstruído para se reconstruir.
Pensamos
que a visão da professora não está distante da de Libâneo, ele coloca que é
preciso haver uma reciprocidade no processo, havendo uma atividade de ambos os
lados do processo. Ao afirmar que ensinar é aprender, parece-nos que ela
identifica que deve haver tal troca recíproca. Claro que ela poderia ter se
aprofundado mais na questão, mas acreditamos que ela se encontra segura do
entendimento de suas responsabilidades como docente.
Vemos
que professora usa de conceitos básicos para explicar sua visão sobre o ensino
e aprendizagem, de fato, esse axioma dito pela professor “ensinar é aprender e
aprender é ensinar” é verdadeiro, mas é preciso entender como ela lidar com
esse conceito, pois na sua fala essa ideia parecia sem vida, sendo portanto uma
mera repetição do conceito. Pensamos que o professor que também desenvolve seus
métodos de ensino a partir da vida prática, e que isso não foi contemplado na
fala da professora. A forma com ela ensina não necessita ser adquirida por
cartilha, e sim desenvolvida a partir do que se viu “na cartilha”, nesse
sentido a entrevistada colocou muito pouco de sua forma de ensino, sem trazer
seus elementos do dia-a-dia na sala de aula. Penso que isso reflete uma falta
de envolvimento subjetivo com o processo, se tornando dessa forma o ensino algo
mecânico. Tendo em vista essa situação, é notável a deficiência que isso pode
resultar no ensino, se o Libâneo coloca a importância a assimilação ativa dos
alunos a partir da produção do interesse vinda do professor, como um professor
que não interage com a sua própria forma de ensino, que não deposita sua
subjetividade na atividade vai provocar interesse em seus alunos? A produção de
interesse nos alunos partir da produção de interesse no professor com sua
atividade.
Estudo ativo
Na
visão de Libâneo estudo ativo constitui o processo em que o aluno participa
ativamente na assimilação do conhecimento. Para tanto o papel do professor é
indispensável. O professor deve possibilitar o interesse do aluno. De fato,
estudo ativo por parte do aluno só pode se dá com o interesse do mesmo, para
que ele possa buscar conhecimento e apresentar a si próprio questionamentos que
façam com que ele se desenvolva de forma autônoma.
Libâneo
elenca uma série de atividades que podem ajudar o professor a realizar essa
tarefa, ele enfatiza que é preciso que haja uma organização efetiva do
professor no que diz respeito ao conteúdo, traçar os objetivos para poder pôr
em prática.
O
aluno deve ser despertado. Ele não despreza coisas como memorização, até mesmo
como teste, fala ainda de preparação para o estudo com conversas entre professor
e alunos e esses entre si; assimilação da matéria, e as tarefas de consolidação
e aplicação, onde entram as revisões e exercícios.
O
aluno que desenvolve o estudo ativo passa a se preocupar em anotar coisas no
caderno, faz questionamentos, usa os livros didáticos, enciclopédias,
dicionários, etc.
O
professor precisa provocar esse interesse, apresentar fenômenos fazendo com que
o aluno o observe e o interprete. Esse processo depende da assimilação ativa,
que corresponde ao aprendizado que tem um papel interno do aluno, diferente da
aprendizagem que vem de fora, com experiências.
O
professor precisa seguir alguns caminhos para chegar a isso, tais como passar
exercícios para serem feitos em casa pelo aluno, organizar tarefas em grupo,
fazendo com que os alunos interajam entre si; passar leituras individuais para
os alunos, para que eles possam perceber por si só suas questões; realizar
atividades de campo, onde os alunos possam interagir com a realidade; estudo
dirigido, etc.
As
práticas de exigência e constrangimento por parte do professor dificulta o
interesse do aluno, por outro a facilitação impede com que os alunos se
questionem e se interessem por coisas que não estão no seu campo de interesse.
Por isso é preciso que haja um mediador, que é o professor, que deve atuar no
sentido de possibilitar que as atividades cognoscitivas do aluno se desenvolva
de forma que ele produza uma consciência crítica e autônoma.
Na
entrevista, a professora Maria colocou que nas suas atividades de estudo o
ensino está ligado a avaliação, onde ela percebe o desenvolvimento do aluno
durante suas atividades, conhecendo suas limitações e habilidades. Ela destacou
que procura ouvir bastante seus alunos, conhecendo suas realidades. Em outro
momento ela colocou que procura trabalhar bastante em grupo, afirmando que essa
prática é importante por que o aluno discute com seus colegas e reflete sobre
diversas questões que são postas no grupo. Coloca ainda que existe uma
dificuldade grande de os alunos se relacionarem e que essa prática contribui
para que eles aprendam a trabalhar em grupo.
No que
diz respeito às atividades que mais contribuem para o desenvolvimento do aluno,
ela destaca que houve um avanço na tecnologia, e que isso possibilita bastante
a melhoria do ensino. Coloca que o importante para ela é não ficar numa rotina,
e que e preciso ter uma rotatividade do uso de recursos, destacando que uma
aula oral expositiva não deve ser descartada e trocado por uma com Datashow.
Fala da necessidade de juntar teoria e prática. E que é preciso perceber que
para cada turma existem métodos diferentes, e que muitas vezes que é boa em uma
não tem funcionalidade em outras.
A
aluna July Rocha colocou que as atividades que mais lhes são passadas eram
provas, exercício, seminários, enfatizou que raramente existia promoção de
debate em sala de aula. Sobre as atividades que mais lhe atrai falou dos
debates, e disse que a prova não parecia uma atividade muito interessante, e que
como método de avalição não era eficaz.
A
aluna Mariana Miranda, disse que muito raramente havia aulas de campo, que
haviam diálogos na sala de aula, além de provas, trabalhos e seminários. Ela
colocou que as aulas de campo e os seminários eram o que mais lhe atraiam, pois
neles podia colocar o que aprendeu para seus colegas e trocar experiências.
O
aluno Jonatan, foi num caminho semelhante, falou que eram essas atividades as
que mais ocorriam no colégio, seminário, debate, provas, e enfatizou que os seminários
eram os que mais lhe atraiam.
Achamos
que a visão da professora e dos alunos tem bastante pontos importante, alguns
coincidindo com a visão de Libâneo. Mas parece que ainda falta bastante para
que haja um avanço de fato. A professora não falou sobre o estudo individual,
sobre as tarefas de casa, e os alunos também não destacaram isso. Na fala de
ambos, parecia que o ensino se dava apenas na escola. Nenhum dos alunos falaram
de atividades de casa, demonstrando que provavelmente não existe muito estímulo
nessa questão, o que compromete o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas
do aluno.
A
questão de estudo em grupo apareceu, e com justificativas plausíveis, mas não
se falou da importância de fazer com que o aluno desperte interesse no assunto
que ele questione e interprete fenômenos. Nesse sentido, acreditamos que essa
escola se encontra parcialmente no processo de ensino e aprendizagem de acordo
com a visão do autor.
Objetivos
Libâneo considera que existem os objetivos gerais e específicos, os primeiros
devem se pautas nos parâmetros dos órgãos de ensinos, tendo em vista a questão
geral da educação, e sua importância na sociedade atual, elencando elementos
como democratização do ensino, as lutas da sociedade, e seus vários problemas a
serem enfrentados. Coloca que os interesses dos controladores desses órgãos nem
sempre coincidem com os interesses da população majoritária da sociedade, mas
que sempre existem brechas que são dadas devidos às pressões.
Os
objetivos específicos constituem os conteúdos da disciplina, e tendo em vista
não apenas a assimilação dos saberes produzidos pela humanidade, mas a mudança
de hábitos, desenvolvimento de habilidades, convicções, e atitudes por parte do
alunado.
Penso
que no ensino de história o objetivo é tornar os alunos mais críticos acerca de
sua realidade. A história deve servir para a reflexão de certos valores atuais
como a democracia, igualdade, tolerância, etc. Os PCN’s tem se pautados nessas
questões, tendo elementos específicos que devem ser desenvolvido em sala de
aula.
O PCN
a respeito da pluralidade cultural, por exemplo, traz questões de convivência
de grupos culturais diferentes. Sabemos que a nossa sociedade é bastante
diversificada com suas várias culturas, e que a convivência dessas culturas por
vezes, foi conflituosa. Nesse sentido, pontos importantes como o racismo tem
sido discutido em sala.
O PCN
traz orientações aos professores. Ele deixa o professor bastante livre para
interpretar e colocar em prática essas questões, enfatizando apenas que os
professores devem tomar cuidado para não tentar homogeneizar, tendo em vistas
as diferenças e sabendo lidar com elas.
O
texto do PNc na parte de Pluralidade faz a diferenciação entre diversidade
cultural e desigualdade social, colocando que o primeiro se refere aos
processos de formação histórica de uma dada cultural, enquanto que o segunde
diz respeito aos processos de dominação por grupos e classes. Nesse sentido o
Brasil seria um país com diversas culturas tendo mais de 200 tribos indígenas
cada uma com sua cultura própria, tendo ainda um processo de imigração de
diversos nações e etnias, com diversas religiões. O texto propõe que a
identidade nacional deva ser justamente a pluralidade, quebrando a ideia de
certos elementos culturais dominantes. De certa forma é um tanto contraditório
falar de identidade nacional e pluralidade ao mesmo tempo, tendo em vista que
esse processo de multiculturalismo contribui para um internacionalismo, penso que
a partir do momento em que não se reconhece determinados elementos como
identidade nacional dada, então não existe nação, mas um conjunto de culturas.
Quando o texto fala de brasilidade é como falasse de pernambucanidade, que é um
elemento da nação, sendo dessa forma a brasilidade um elemento internacional?
Identidade nacional, penso aparece no texto por que é um projeto de governo, e
nenhum governo pode ser anti-nação. Penso que falte sinceridade nessa questão.
O
texto aborda as questões de exclusão dos espaços públicos, num sistema em que
as escolas reproduzem certos valores que tiram a oportunidade de diversos
grupos sociais. Assim, por exemplo, a questão do racismo na sala de aula, como
se aborda essa questão no livro didático, como torna as aulas mais inclusivas e
interessantes para os diversos grupos sociais, etc. Traz a questão das
diferenças regionais, dos valores e das variantes linguísticas, a forma como a
escola deve lidar com isso, tendo em vista que todos possam ter a mesma
oportunidade de aprender e se inserir igualmente. Numa sociedade democrática é
necessário que se leve em consideração essas questões, tendo em vista que a
própria estabilidade política só pode se dar se os grupos conseguem conviver
com as diferenças existentes.
Uma
questão que acho que deve ser trazida é sobre como se consegue valorizar as
trajetórias dos diferentes grupos? Tendo em vista a grande diversidade como
todos podem ser incluídos? Os grupos tidos como excluídos são bem definidos em
certos momentos, são negros, índios, pobres, etc., mas a verdade é que a
diversidade é muito maior que isso, numa escola pode se levar em conta a
cultura negra, mas qual delas? E os grupos indígenas, será que o que aprendemos
pode ser encarado como contemplador? Se fomos mais a fundo veremos as
diferenças não param e que no final encontraremos as diferenças individuais, se
formos partir de um ponto de vista mais pós-moderno ainda veremos que nem o
indivíduo tem identidade única. Penso que não foram dadas as fórmulas eficazes
para que todos sejam contemplados por esse modelo educacional. Numa sala de
aula podemos ver indivíduos que pertencem a diversos grupos, evangélicos,
nordestinos, de origem rural, católicos, gays, homens, mulheres, negros,
brancos, etc., como todos poderão ser incluídos do ponto de vista educacional?
Ora, a verdade é que o católico vai escutar que sua Igreja matou, torturou e
perseguiu, essa será a sua forma de participação na história; o negro que ele
foi escravizado, que foi excluído que teve o Zumbi na resistência, etc., como
garantir que isso não gere conflitos? A verdade é que o que se pede é que
determinado grupo, o dominante, se recolha em sua condição de opressor, na
prática ainda não consegui enxergar como a cultura branca pode ser valorizada,
penso que o menino branco vai construir uma identidade de diferença em relação
aos demais que serão os novos “heróis nacionais”, a questão é que não vi em
momento algum do texto isso ser pensado. Na sala falei que os PCN’s pareciam
uma cartilha de Antônio Gramsci, fui criticado pelos colegas. De um ponto de
vista revolucionário, de fato, o projeto funciona já que não leva em
consideração a cultural dominante, mas se a intensão for contemplar as
diferenças não tenho tanta certeza.
Mas
não é só os valores dominantes que estão em jogo, e sim toda a diversidade. A
verdade é que a natureza da escola é tirar o indivíduo de sua cultura, é
justamente na comunidade e na família que os valores de grupo se reproduzem, a
escola faz um corte nessa reprodução, principalmente a integral. No texto do
PCN parece que a escola deve conservar essa cultura ao respeitá-la e
integrando-a no processo educacional, nesse sentido o professor vai se
adaptando as diferenças a fim de entender a cultura do aluno para valorizá-la,
me parece que no final todos os alunos sairiam com suas culturas preservadas e
sabendo respeitar as demais, ou será que na verdade ocorreria uma homogeneização
da pluralidade? Onde na verdade não existem mais as antigas culturas, mas uma
mistura “pós-moderna”, ou seja, o índio seria adepto da umbanda e escutaria
rock internacional. Aos olhos de um pós-moderno isso é ideal, mas não consigo
ver muita diferença da massificação da modernidade, seria uma massificação
pós-moderna. Espero que daqui a 500 anos a humanidade não esteja se lamentado
de dar fim as culturas como hoje fazemos em relação aos índios. É nesse sentido
que digo que a compreensão sobre os objetivos dos PCN’s não são é tão fácil. Se
todos os países estiverem fazendo isso, e sabemos que estão já que isso vem da
ONU, então estamos construindo uma civilização de cidadãos do mundo, talvez
seja essa a intenção, mas penso que isso deveria ficar mais claro no texto.
Falo
isso baseado no argumento de que é preciso fortalecer as culturas, como vemos
no seguinte trecho: “Por isso, fortalecer
a cultura de cada grupo social, cultural e étnico que compõe a sociedade
brasileira, promover seu reconhecimento, valorização e conhecimento mútuo, é
fortalecer a igualdade, a justiça, a liberdade, o diálogo e, portanto, a
democracia” (p. 132).
Realmente
a alteridade e o respeito são muito importantes, e isso o texto coloca bem, mas
a verdade é que estamos nos encaminhando para uma realidade de escolar
integrais e públicas, pois o privado não terá condições de suprir as exigências
dos governos nas questões de pluralidade e outras coisas. Sendo dessa forma um
programa único de educação para que todas as culturas se integrem, caberá aos
professores saber lidar com as diferenças que lhes são apresentadas no
dia-a-dia. A alteridade sem homogeneização é possível nesses espaços?
Bom,
mas isso são questões de reflexão sobre os objetivos e possíveis consequências
dos PCN’s, do ponto de vista prático muitas coisas forma colocados em prática.
Algumas
leis importantes têm sido aprovadas como a de ensino da cultura Africana. Em
história, é preciso ensinar história de forma que os diversos grupos que
atuaram nela apareçam como agentes. Não reproduzir a história vista apenas por
determinados grupos sociais, apresentar os vários elementos que negros, índios,
brancos, e outros grupos que incrementaram valores a nossa cultura.
Além
disso, é preciso apresentar como se deram as relações entre as religiões, sem,
no entanto, ter como objetivo desenvolver ódio pelos grupos.
A
entrevistada professor Maria colocou que história é tudo, que todos são agentes
de história, que a ter história é ter memória, e que isso constituía um traço
importante da disciplina, a memória.
Para a
professora o motivo de se estudar história é o de se conhecer como cidadão.
Disse ainda que é com o conhecimento das épocas e momentos históricos que
construímos nossas referências, sendo uma espécie de modelo.
A
aluna July Rocha afirmou que os objetivos do ensino de história e estudar os
fenômenos que ocorreram e como eles se relacionam com o presente. Sobre o
porquê de se estudar história ela disse o mesmo do objetivo, de entender o
passado.
A
aluna Mariana Miranda respondeu como a anterior, ressaltando a importância de
conhecer o passado para entender o presente, o mesmo foi dito sobre o porquê de
se estudar história. O aluno Jonatan foi na mesma linha, mas pareceu mais
preocupado na questão de entender os problemas sociais que existem hoje.
Penso
que existe uma produção e reprodução da ideia de que a história serve para
“conhecer o passado, para entende o presente, a modificar o futuro”, a
repetição disso não têm permitido uma discussão mais profunda do valor da
disciplina.
Nas
várias vozes escutadas, falou-se dessa questão de conhecer o passado, como se
fosse apenas curiosidade, a própria professora falou dessa forma e colocou que
fatos serviam de referência.
As
questões abordadas anteriormente como compreender os valores de nossa
sociedade, como a democracia, a luta pela liberdade, etc., não foram
ressaltadas pelos entrevistados. O entendimento também das questões culturais,
os choques de cultura, também parece ter sido pouco questionado em sala de
aula.
Essas
questões faz pensar que história continua sendo uma disciplina desestimulante
para os alunos, sem objetivos claros, sem expectativas, sendo repetidas as mesmas
questões de tempos atrás. Mais me chamou atenção o fato de a professora ver a
importância da memória, tendo a História esse papel de resgata-la. Apesar
disso, não apresentou que memórias seriam essas a serem trabalhadas ou
respeitadas, como vimos nas questões do PCN’s os diversos povos que compõem o
Brasil precisam ter sua cultura, identidade e memória valorizadas. Penso que
essas questões não apareceram de forma satisfatória nas falas, nem mesmo da
professora. Falou-se de perceber a importância da democracia, mas não se viu
como ela deve ser trabalhada diante das diferenças. Isso mostra que as aulas
dessa professora ainda estão bastante aquém do que discutimos nos PCN’s, que
pouco deve-se falar do respeito a diferença.
É
preciso compreender que ainda não foram dadas as condições para que os
professores possam trabalhar de forma satisfatória, o trabalho se torna
técnico, não havendo espaço para a reflexão da docência e da própria disciplina
de História. A fala da professora deixou muito a desejar em relação ao que
seria História, percebi que saiu pouca coisa de sua própria concepção, tudo o
que ela disse são conceitos bastante repetido. Isso demonstra que existe uma
falta de entusiasmo com a disciplina, pois é com ele que os conceitos fluem da
mente dos indivíduos. A estrutura da educação contribui para tanto, a falta de
prazer no ofício não é mera questão subjetiva, mas sim objetiva, são as
condições em que o professor é posto. Isso pode parecer sem importância, mas
acaba sendo o reflexo de como ela dá suas aulas, o entusiasmo vindo da
identificação dá vida às aulas atraindo a atenção e interesse dos alunos.
Conteúdos
Libâneo coloca que comumente conteúdo é visto como a matéria a ser passada para
o aluno, sendo porém isso apenas parte do conteúdo. Ele enfatiza que essa visão
é mecânica e que entende o aluno apenas como receptor de ideias, subestimando a
capacidade de dar vida a matéria.
O
autor coloca que o conteúdo constitui em parte os saberes que foram produzidos
em forma de experiência pela humanidade, e que eles não devem ser passados como
produtos acabados, e por isso conteúdo deve ser entendido como os próprios
hábitos que possibilitem as transformações desses saberes em novos saberes.
Para tanto é preciso compreender que certas habilidades como a reflexão, a
observação de fenômenos, modos valorativos e atitudinais de atuação social,
leis, regras, hábitos, modos de compreensão, ec., tudo isso faz parte do
conteúdo, e o professor deve ter como meta esses elementos.
Penso
que em história é preciso desenvolver certas habilidades nos alunos, como a de
fazer comparações, analisar determinados fenômenos da vida atual e comparar com
fatos do passado. Outra coisa é a habilidade de ter um pensamento abstrato de
conseguir imaginar uma vida social a partir de fatos históricos, imagens,
frases, etc. Diante a percepção de que a nossa sociedade é fruto de conflitos e
que vários fatores como democracia e fim da escravidão se deram através da ação
humana, o aluno tomar a convicção de que ele é um agente, e que em todo o
momento ele produz história, e perpetua ou modifica certos valores sociais que
serão analisados no futuro.
Para a
professora as habilidades adquiridas como conteúdo de história são a comparação
entre os vários momentos, identificar ideias e concepções de povos. Dos hábitos
falou do respeito pelos agentes da história, destacando que seria o povo em vez
dos heróis dos livros.
A
professora colocou que apesar de falarmos muito em construtivismo, a educação
ainda seria tradicional. Destacou que segue a matriz curricular que vai de
acordo com a LDB. Falou da interdisciplinaridade, do ensino da África, e
cultura indígena. Os conteúdos são os livros didáticos e internet.
Penso
que a professora Maria correspondeu em parte às nossas expectativas. Ela viu a
questão de comparar, de identificar ideias e concepções de povos. Mas acredito que
quanto a convicções do sujeito em relação ao seu papel histórico faltou
bastante elementos. Não identificamos que ela tenha percebido a importância de
certas conquistas históricas, e como as pessoas devem se posicionar diante
delas.
Novamente
vemos uma resposta que reflete repetição de conceitos dados, tendo pouca
interação da professora com a ideia de conteúdos de história. Como seria essa
comparação entre momentos históricos e ideias? Sentimos que faltaram exemplos,
isso pode ser reflexo de como ela trabalha essas questões em sala de aula, se
ela traz a questão da democracia fazendo relação com outros sistemas políticos
ou se apenas tenta ligar com o conceito de democracia grega. A comparação não
se faz apenas com o igual ou semelhante, tentando ver qual é a melhor
democracia, se a grega a nossa, ou tentando perceber qual das duas é
democracia, mas observar como esta se relaciona com as ditaduras e com as
monarquias. Um momento histórico não se relaciona apenas com outros
semelhantes, mas também com seus contrários, olhar, por exemplo, a filosofia e
mitos gregos e comparar com o de outros povos, e até com a filosofia de hoje
não é suficiente, é preciso comparar com seus opostos, a filosofia medieval por
exemplo, voltada para o cristianismo com Santo Agostinho, e outros. Penso que
isso nem deva ser cobrado da entrevistada, pois ainda não foi observado nem
pelos elaboradores da educação, as nossas formas de comparar momentos são
muitos limitadas ainda, unilateral com certo elitismo de modelos políticos e
sociais, com a visão de que a democracia é o saudável para todas as
civilizações, e as que não as vivem estão doentes, como a China, por exemplo,
que é uma civilização milenar, mas não saber o que democracia.
LEBÊNEO, Carlos. Didática.
Parâmetros Curriculares Nacional - PCN
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