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domingo, 11 de janeiro de 2015

RESENHAS DOS TEXTOS: O BRASIL QUE OS EUROPEUS ENCONTRARAM e A ANTIGUIDADE DO HOMEM NO NORDESTE DO BRASIL



      Os europeus, ao chegarem ao Brasil, se deparou com uma imensidade de povos que tinham línguas e costumes diferentes. Esses povos foram descritos aos europeus segundo o olhar dos recém embarcados nas terras americanas, tendo em vista o que lhes era interessante observar para uma posterior dominação, sendo assim, temos poucas fontes sobre como esses povos enxergavam uns aos outros e como percebiam os brancos. Consequência disso, as relações dos índios com os brancos perecem significar apenas laços afetivos sem interesses ou mesmo de inimizade. O índio então foi estereotipado ora como dócil e inocente, ora como selvagem e bestial. Nesse sentido, os estudos de Laima Mesgravis e Carla Bassanezi Pinsky, em " O Brasil que os Europeus Encontraram", tenta abordar as diferentes culturas indígenas; suas relações umas com as outras; e como seus costumes influenciaram e sofreram influencias da cultura europeia. Para isso, os autores fazem uso de relatos de viajante e jesuítas da época, alguns deles, inclusive, tendo vivido entre os americanos como é o caso de Hans Staden.
      O litoral brasileiro era ocupado em sua imensa maioria pelas tribos Tupi-guaranis, na verdade eram dois grandes grupos: os tupis, que se localizavam na parte norte; e os guaranis localizados na parte sul. Esses grupos tinham em comum um tronco linguístico que sofria variações entre eles. Mas haviam também os que não falavam a língua geral denominados pejorativamente de tapuias, eram eles os goitacases, charruas, aimorés e tremembés. Os portugueses aprenderam com facilidade a língua tupi, nesse período ela era a mais falada, em alguns lugares só se usava ela. Por esse motivo a língua portuguesa sofreu tanta influência da indígena.
      Em princípio os índios tiveram uma relação comercial com os brancos através do escambo, ou seja, trabalhavam no corte e transporte do pau brasil em troca de objetos vindos do mundo europeu. Preocupados com o crescimento do protestantismo a Igreja consegue apoio de Portugal no sentido de converter os nativos. Apesar de as primeiras relações serem com os tupis, os jesuítas que chegaram ao Brasil acreditavam que a melhor tribo para a conversão era a dos carijós, pois esses eram mais sedentários e não praticavam o canibalismo, prática comum entre os tupis. Os jesuítas insistiam na conversão dos carijós diante a Igreja, mas seus esforços foram frustrados.
      Os portugueses ao perceberem as diferenças e rivalidades entre os indígenas, se aproveitaram disso. O mesmo se deu com os índios, esses também eram agentes históricos, não sujeitos a vontade dos brancos como se tem passado. Assim, o próprio escambo não deve ser entendido como uma mera exploração de povos inocentes. Os índios viam como justas aquelas trocas e as faziam por vontade própria. Se um nativo não estivesse com vontade de trabalhar não faria, quando fazia era por puro interesse. Dá mesma forma que os brancos se aproveitavam das rivalidades, os americanos se aproveitavam dessas relações para obterem armamentos que seriam usados contra os seus inimigos. O fato de umas tribos se relacionarem com franceses e outras com portugueses não significa que esses laços tenham sido de honra e compromisso, mas de interesses. Os franceses presenteavam os índios e pareciam estarem menos interessados em escravizar diferente dos portugueses.
      Os portugueses necessitavam cada vez mais dos trabalhos dos indígenas. Esses por sua vez só trabalhavam quando queriam. A expressão "não tenho vontade" era comum entre os indígenas, o que levou os portugueses a verem eles como preguiçosos. Para resolver essa questão passaram a escravizá-los. Os brancos, dessa forma, trocavam os prisioneiros das tribos por objetos e escravizavam o cativo. A Igreja era contra a escravização, porém os próprios jesuítas estavam convencidos que era necessário usa a força na conversão desses povos. Nesse momento as visões de paraíso e de um povo inocente começavam a serem invertidas para um povo bestial e pecaminosos. A Igreja permite a escravização proveniente de guerra, dos que negarem a fé cristã e daqueles que seriam mortos nos rituais de antropofagia. Qualquer motivo era usado como justa na captura de índios como, por exemplo, o devoramento do padre Sardinha pelo caetés.
      Os jesuítas tinham que ir até os locais onde estavam os índios para tentarem suas conversões. Passavam um longo período nesses locais e iam em busca de outras tribos. Quando voltavam aquela já não se localizava no mesmo lugar, pois só passavam um período entre 4 e 5 anos devido à escassez de alimentos e logo iam em busca de outros locais. Com isso os jesuítas tiveram a ideia de fazer os aldeamentos, que seriam porções de terra na qual os índios viveriam sob a custódia dos deles. Para os índios era interessante pois teriam um pedaço de terra e se protegeriam contra os ataques das bandeiras. Mesmo sob a custódia dos jesuítas os índios eram capturados pelos brancos para o trabalho escravo. Outro problema era a influência dos comportamentos dos brancos sobre os aldeados, o que dificultava a catequese. Os jesuítas percebendo isso decidem investir nas crianças acreditando conseguir "reeducá-las", tendo várias frustrações, e fazer aldeamentos mais distantes. Como é o exemplo da Colônia de Sacramento dos Sete Povos da Missão. Um outro problema encontrado pelos jesuítas é que os padres estavam mais ligados aos interesses dos colonos que da Igreja, favorecendo dessa forma a escravização sem conversão dos indígenas. Isso se dava ao fato de os padres serem mantidos pelos colonos enquanto que os jesuítas eram mantidos diretamente pela Igreja. Esse fato faz com que o catolicismo brasileiro tenha suas próprias peculiaridades.
      Os brancos tiveram muitas dificuldades para dominar os nativos. Segundo Caminha, esses povos não tinham em seus dialetos nem o "f", o "r" e o "l", assim eles não teriam "nem fé, nem rei, nem lei". Isso dificultava a dominação. Para impor uma crença era preciso que já houvesse outra que fosse substituída; para governar um povo era preciso que estes já tivessem costume de servir a um rei; e para que as leis fossem seguidas era necessário que os nativos já tivessem hábitos de seguirem leis rígidas. Os brancos tentavam encontrar os chefes tribais para facilitar a dominação, mas não conseguiam perceber uma chefia. A verdade é que os chefes indígenas tinham poucos privilégios em relação aos demais. Exerciam essa função principalmente em tempos de guerra. A leis eram costumeiras, os roubos eram proibidos, as crianças eram ensinadas com exemplos dos adultos. A fé por sua vês era ligada aos elementos da natureza e espírito dos antepassados.
      Na sociedade indígena os homens faziam os trabalhos de caça, pesca, e guerra; a mulher cuidava das crianças, da casa, da cozinha e do plantio. O trabalho do homem apesar de mais pesado era mais espaçado, por isso por vezes eles estavam desocupados; as mulheres estavam sempre trabalhando e onde fossem levavam as crianças. Isso leva os brancos a verem os homens como indolentes e preguiçosos. A aldeia era arrodeada de casas, na qual viam famílias; no meio tinha um pátio onde faziam seus rituais e reuniões. Havia um grupo de homens mais velhos que se reunião para discutir os assuntos da aldeia, as leis surgiam nessas reuniões. Nela apenas os homens podiam fala. Os índios apreciavam a arte da retórica. A mulher tinha liberdade sexual e os casamentos eram feitos e desfeitos sem muita cerimônia. Alguns homens tinham mais de uma mulher, isso era privilégio dos que se destacavam nas guerras ou em outras atividades. A mulher era uma forma de obter mais mão de obra e gerar filhos que favorecia a vida desses homens. Acreditavam que os filhos só tinham ligações com os pais. O amor homossexual era tolerado.
      Os índios praticavam a antropofagia como um ritual festivo. Uma guerra significa futura festa. O cativo era devorado acreditando que a sua coragem era passada aqueles que o comessem. Além disso, era uma forma de vingar os antepassados. Nesses rituais chamavam integrantes de outras aldeias, e as pessoas escolhiam as partes do corpo que iam comer. O cativo participava da cerimonia xingando e ameaçando os que lhe devoraria. O cativo tinha boas comidas e mulher para desposar enquanto se preparava as festividades. Preferiam comer os corajosos.
      Os índios tinham como base alimentar a mandioca. Dela faziam a farinha que comiam com tudo. Assavam suas carnes nos moquems ou coziam a carna coberta de folhas enterrada sob uma fogueira. Plantavam abacaxi, milho, batata, colhiam goiaba ananase, etc. A comida não era guardada. Os índios tinham o hábito de sempre estarem mastigando alguma coisa. Faziam vinho a partir do milho, usavam nos rituais. Nos rituais não comiam nada apenas bebiam. O hábito de se embriagar vai se dar como forma de desobediência perante os brancos.
      Os índios tiveram muita resistência ao trabalho escravo. Eram acostumados a trabalharem segundo suas necessidades e não tinham interessem em acumular posses, achavam isso estranho no português. Vários motivos faziam os índios se revoltarem com os brancos os castigos impostos às crianças, que era ordenado pelos próprios jesuítas; o fato de terem de trabalhar na agricultura, o que para eles era uma tarefa feminina, etc. Eram obrigados a se vestirem o que faziam com que adoecessem devido a tomarem banho várias vezes ao dia e não trocarem a roupa, os jesuítas no entanto aceitavam esse costume nos aldeamentos.
      Com a expulsão dos jesuítas por Pombal a escravidão indígena foi mais severa. Só teve fim com as necessidades de substituição pela negra que trazia mais vantagens a coroa e comerciantes.  



A ANTIGUIDADE DO HOMEM NO NORDESTE DO BRASIL


      As questões de datações relativas ao povoamento da América geram várias divergências no mundo acadêmico. Há pouco tempo existia a convicção de que os povos que aqui haviam chegados teriam vindo pelo Estreito de Bering que fora formado na era glacial. Assim o homem teria povoado o continente americano por volta de 30.000 anos atrás. Essas convicções foram abaladas com descobertas de vestígios humanos na América do Sul que datam mais de 40.000 anos. Foram encontradas datações ainda mais antigas com cerca de 300.000 anos no Canadá, o que causou outras discussões em torno das possíveis teorias do povoamento americano.
      Essas discussões, por vezes, parecem bastante tendenciosas. Os americanos convencidos de sua superioridade tinham necessidade de fortalecer a teoria do Estreito de Bering que dava a entender que os povos teriam passado primeiro pela América do Norte e só depois chegado a do Sul. Em outras palavras, os nativos sul americanos eram mais recentes e assim menos desenvolvido. Nessa faixa cronológica entre 50.000 e 25.000 anos a América latina teriam os povos mais antigos. Esse é o exemplo do sítio de Lapa Vermelha no município de Pedro Leopoldina em Minas Gerais, que possuem cronologias que vão até 25.000 anos. Tem também o da Bahia no município de Coribe, no sítio Morro Forado, onde foram encontradas datações de 43.000 anos que procede de uma possível estrutura de fogão onde podem ter sido queimados moluscos. Foram encontradas datações em torno de 10.000 anos com mais segurança de serem de origem humana em Coribe (Morro do Furado) e Toca de Manuel Latão na Bahia; em Bom Jardim (Chã do Caboclo) em Pernambuco e Brejo da Madri de Deus (Furna do Estrago); além de sítio no Rio Grande do Sul e Piauí. As datações mais recentes de até 12.000 anos têm sido aceitas pelas escolas americanas, mas as mais antigas não são reconhecidas. É importante ressaltar que esses achados são de objetos que teriam sido feitos e usados pelos homens, não forma encontrados restos humanos, mais esses achados provam que os povos americanos estão aqui há bem mais tempo que o pensado. Essa visão conservadora não se dá por completo entre todos os cientistas americanos, o que mais rebate esses achados é Thomas Lynch da universidade de Massachusets. Há, por exemplo, Richard McNeish que dirige seus ataques contra os ortodoxos da teoria "hrdlinckiana".
      Com os achados em torno de 200.000 anos novas polêmicas surgiram. Esses achados em sua maioria no Canadá colocam não mais em questão se os primeiros povoamentos foram na América do Norte, mas sobre a idade dos povos desse continente em relação aos povos do velho mundo. Assim, para muitos pesquisadores se torna difícil aceitar a ideia de que os povos americanos possam ter idades semelhantes os povos do outro lado do mar. Temos uma convicção psicológica de que a América seria o novo mundo, como pode então ser encontrado vestígios de povos anteriores ao paleolítico. Apesar disso, muitos pesquisadores passaram a acreditar que o povoamento da américa não teria se dado por uma via única, como é o caso do Estreito de Bering, mas por várias vias, de povos de locais e culturas diferentes.
      No Nordeste, os primeiros homens que haviam chegado seriam como os índios atuais. Dentro da perspectiva da formação étnica dos povos da América do Sul, eles provavelmente teriam as mesmas origens, porém com achados de 50.000 no Piauí, leva-se a se pensar que forma formados por grupos prémongoloides que teriam evoluído aos índios atuais.
      No Brasil não temos achados ósseos com mais de 12.000 anos o que dificulta muito conhecimento de nossos antepassados, claro que os resquícios de materiais humanos são muito importantes para compreendermos esses povos, mas os achados ósseos podem nos dá uma ideia da nutrição, da saúde, tempo de vida, etc. desses agrupamentos humanos. O nosso achado mais importante foi de uma mulher de São Raimundo Nonato.     

                    

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