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domingo, 11 de janeiro de 2015

Resenha do texto A Morte é uma Festa de João José Reis




      O texto A Morte é uma Festa de João José Reis aborda os eventos festivos ligados à morte no século XIX. Para isso ele faz uso de documentos e relatos da época. Dentro dessa análise dos rituais fúnebres relata a revolta ocorrida contra a construção do cemitério do Campo Santo. A pesquisa é feita na Bahia, tendo como foco as irmandade, confrarias e ordens terceiras. Apesar de ocorrer na Bahia é possível deduzir que acontecimentos semelhantes ocorreram em outros estados do Brasil. A leitura não possibilita apenas a compreensão da Revolta da Cemiterada, mas também o contexto religioso, social, além de como essas festividades podem ter contribuído para a formação do carnaval Brasileiro.
      Em princípio o autor aborda a questão religiosa, o Brasil era oficialmente católico, mas o catolicismo brasileiro muito se distanciava do europeu, primeiro porque os portugueses que chegavam aqui se entregavam aos vícios da bebida, e outros mais condenados pela igreja - acredito que esses portugueses, por estarem distantes da coroa, se sentiam mais livres para não cumprirem os dogmas religiosos -, o autor traz um relato de um viajante que diz que nas Igrejas do Brasil as pessoas vão para olharem para outras pessoas e serem olhadas, como se a igreja fosse um lugar propício para a paquera. Só nesse recorte já é possível se perceber a mistura do sagrado e do profano na religiosidade brasileira. Fora isso, ainda tinha as contribuições dos negros e índios, esses menos e aqueles fazendo dos rituais religiosos verdadeiros carnavais, contribuindo com a adição das cores, das danças, das máscaras, vestimentas e das encenações vindas da África. A Igreja, por sua vez, necessitava consolidar a religião católica nos trópicos, ainda mais diante do crescimento das religiões protestantes, por esse motivo acabava aceitando as várias formas de manifestações da fé cristã. Assim, aqui no Brasil existiam várias organizações religiosas, as confrarias, as ordens terceiras, e as irmandades. Essas organizações tinham suas próprias igrejas, cultuavam os seus santos, e tinham suas festividades. Essas irmandades, apesar de serem bastante diferentes da Igreja Europeia, tinha permissão de existir para que ajudassem na propagação da fé. Esses grupos atraíam muita gente, pois esses locais acabavam se tornando condição de ascensão social, ou de fortalecimento de status, além disso, para os negros era uma de fugir por um momento da opressão dos senhores. Nesses grupos havia todos os segmentos homens livres, escravos, forros, senhores de engenho, autoridades, etc. Como os senhores tinham o dever de cristianizar os negros, logo essas irmandades viraram pontos de encontros desses negros. Os negros tinham outras religiões na África, mas o convertimento ao cristianismo era a única forma deles melhorarem suas condições. Com isso explodiu o número de irmandades de negros. Mas esses negros não se convertiam por inteiro, muitos elementos de suas culturas eram colocados nos rituais cristãos. As organizações religiosas eram mantidas com as contribuições dos fiéis, esses por sua vez tinham direitos dentro dos grupos, como, por exemplo, enterro, auxílio, eleger e serem eleitos nos cargos do grupo. Elas, no entanto, não eram plurais, havia irmandades para os vários segmentos, tanto que elas acabaram tomando aspecto de sindicatos - no conceito atual - os comerciantes tinham suas irmandades, os escravos, trabalhadores livres, e muitas vezes vaziam uso dessas organizações para lutarem em favor de suas classes. Muitas delas eram bastante sectárias, só aceitando seus iguais dentro delas. Existiam ordens que agrupavam status como por exemplo a Santa Casa da Misericórdia que só aceitava os brancos e de sangue puro.
      As irmandades realizavam várias festas para agregarem mais pessoas e arrecadarem recursos, as principais festas eram as dos santos. Nelas ocorriam solta de fogos, danças, etc. tudo descriminalizado pela Igreja. Outras festividades importantes eram as fúnebres, diferente do que ocorria na Europa os funerais eram festivos. Os enterros ocorriam nas igrejas, acreditava-se que os rituais sagrados tinham que ocorrer juntos aos fúnebres, pois isso garantia que os mortos tivessem felicidades após a morte. Essa prática era condenada pela igreja, mas pouca coisa podiam fazer, já que esses rituais contribuíam materialmente para o sustento das igrejas.
      O município, então, cria uma lei que proíbe os enterros nas igrejas, devendo ser agora nos cemitérios. O município abri concessão para o primeiro cemitério a ser construído. Diante disso as irmandades começam a se organizar para derrubar essa lei. As primeiras tentativas foram no âmbito legal, vários líderes acusavam as autoridades de estarem indo de encontra a constituição. Essas visões, porém, eram muito particulares às irmandades e logo caíram em desuso. As autoridades argumentavam que era uma questão de saúde pública, era preciso que houvesse um local que armazenasse os mortos de forma a não prejudicar a saúde da população. As irmandades quando entraram nesse campo acabaram dando mais força para a construção dos cemitérios. Várias irmandades argumentavam que os seus carneiros eram totalmente higienizados, nunca tendo histórico de contaminação, o que podia ser verdade, mas todos seriam assim, ficava então evidente que era preciso ter o controlo do estado. As igrejas logo acusaram o cemitério de ser em local inapropriado devido a passagem de pessoas e a direção dos ventos. Essas acusações contribuíam ainda mais para o fortalecimento da ideia de que era preciso cuidado sanitários com enterros. As irmandades estavam perdendo nessa guerra. As acusações foram para o âmbito do pecado, os cemiteristas eram homens de usura que negavam a fé cristã, e que o estado não pode entregar essa atividade a particulares, etc. Nada disso, derrubou a lei, porém conseguiram a mudança do local do cemitério. Vendo-se derrotados, os líderes religiosos exigiam que os cemitérios tivesses divisões para serem usadas pelas irmandades, mas não foram atendidos. Então recorrerão à violência, as irmandades fizeram um abaixo assinado tendo a assinatura de várias pessoas de posse e organizaram uma revolta. No dia da inauguração uma multidão de pessoas de todas classes, gêneros, cores indo em direção ao cemitério derrubaram o cemitério, o evento ficou conhecido como Cemiterada.
      Após a revolta a justiça foi atrás dos responsáveis, mas não conseguiram nenhum nome, as autoridades foram responsabilizadas pela displicência, mas argumentavam que diante de tamanha multidão nada podiam fazer. Daí, percebe-se que esse acontecimento realmente contou com uma ampla parcela da sociedade, sem nenhuma exclusão de cor ou de status, o autor, inclusive conta sobre um Militar de alta patente que era ligado aos movimentos conservadores e que haviam reprimido várias manifestações se envolver, ou, talvez ter liderado esse movimento. Mostrando que esse movimento apesar de massivo era de caráter conservador.

      Após esses acontecimentos, a população foi acometida por uma doença contagiosa que matou muitas pessoas, as pessoas então passaram a temeram os mortos para não serem contagiados. Os rituais fúnebres passaram de festivos para de cautela e medo. Logo os cemitérios seriam aceitos.       

7 comentários:

  1. Essa obra de joão Jose reis é muito profunda . sobre tudo no quesito morte sentimento e festa. muito apropriada para os costumes da Bahia. e porque não norte e nordeste

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  2. O João José réis, se preocupa em da vida a varios personagem da vida cotidiana na Bahia do século xlx,e seus ritos e costumes, aparti da análises de testamentos, inventários e outras fontes documentais, e una obra de reflexão para todos nós, o livro a morte e uma festa e uma preciosidade.

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  3. O João José réis, se preocupa em da vida a varios personagem da vida cotidiana na Bahia do século xlx,e seus ritos e costumes, aparti da análises de testamentos, inventários e outras fontes documentais, e una obra de reflexão para todos nós, o livro a morte e uma festa e uma preciosidade.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Muito interessante. Despertaram minha curiosidade e a vontade de me aprofundar na História brasileira.
    Porém, acho pertinente um sugestão: façam a revisão dessa resenha quanto à gramática e à coesão, para manter o ótimo padrão deste blog. Abraços.

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  6. O texto está bem resumido. No entanto seria interessante fazer algumas correções ortográficas. Uma grande abraço.

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  7. O texto está bem resumido. No entanto seria interessante fazer algumas correções ortográficas. Uma grande abraço.

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