O
texto A Morte é uma Festa de João José Reis aborda os eventos festivos ligados
à morte no século XIX. Para isso ele faz uso de documentos e relatos da época.
Dentro dessa análise dos rituais fúnebres relata a revolta ocorrida contra a
construção do cemitério do Campo Santo. A pesquisa é feita na Bahia, tendo como
foco as irmandade, confrarias e ordens terceiras. Apesar de ocorrer na Bahia é
possível deduzir que acontecimentos semelhantes ocorreram em outros estados do
Brasil. A leitura não possibilita apenas a compreensão da Revolta da
Cemiterada, mas também o contexto religioso, social, além de como essas
festividades podem ter contribuído para a formação do carnaval Brasileiro.
Em
princípio o autor aborda a questão religiosa, o Brasil era oficialmente
católico, mas o catolicismo brasileiro muito se distanciava do europeu,
primeiro porque os portugueses que chegavam aqui se entregavam aos vícios da
bebida, e outros mais condenados pela igreja - acredito que esses portugueses,
por estarem distantes da coroa, se sentiam mais livres para não cumprirem os
dogmas religiosos -, o autor traz um relato de um viajante que diz que nas
Igrejas do Brasil as pessoas vão para olharem para outras pessoas e serem
olhadas, como se a igreja fosse um lugar propício para a paquera. Só nesse
recorte já é possível se perceber a mistura do sagrado e do profano na
religiosidade brasileira. Fora isso, ainda tinha as contribuições dos negros e
índios, esses menos e aqueles fazendo dos rituais religiosos verdadeiros
carnavais, contribuindo com a adição das cores, das danças, das máscaras,
vestimentas e das encenações vindas da África. A Igreja, por sua vez,
necessitava consolidar a religião católica nos trópicos, ainda mais diante do
crescimento das religiões protestantes, por esse motivo acabava aceitando as
várias formas de manifestações da fé cristã. Assim, aqui no Brasil existiam várias
organizações religiosas, as confrarias, as ordens terceiras, e as irmandades.
Essas organizações tinham suas próprias igrejas, cultuavam os seus santos, e
tinham suas festividades. Essas irmandades, apesar de serem bastante diferentes
da Igreja Europeia, tinha permissão de existir para que ajudassem na propagação
da fé. Esses grupos atraíam muita gente, pois esses locais acabavam se tornando
condição de ascensão social, ou de fortalecimento de status, além disso, para
os negros era uma de fugir por um momento da opressão dos senhores. Nesses
grupos havia todos os segmentos homens livres, escravos, forros, senhores de
engenho, autoridades, etc. Como os senhores tinham o dever de cristianizar os
negros, logo essas irmandades viraram pontos de encontros desses negros. Os
negros tinham outras religiões na África, mas o convertimento ao cristianismo
era a única forma deles melhorarem suas condições. Com isso explodiu o número
de irmandades de negros. Mas esses negros não se convertiam por inteiro, muitos
elementos de suas culturas eram colocados nos rituais cristãos. As organizações
religiosas eram mantidas com as contribuições dos fiéis, esses por sua vez
tinham direitos dentro dos grupos, como, por exemplo, enterro, auxílio, eleger
e serem eleitos nos cargos do grupo. Elas, no entanto, não eram plurais, havia
irmandades para os vários segmentos, tanto que elas acabaram tomando aspecto de
sindicatos - no conceito atual - os comerciantes tinham suas irmandades, os
escravos, trabalhadores livres, e muitas vezes vaziam uso dessas organizações
para lutarem em favor de suas classes. Muitas delas eram bastante sectárias, só
aceitando seus iguais dentro delas. Existiam ordens que agrupavam status como
por exemplo a Santa Casa da Misericórdia que só aceitava os brancos e de sangue
puro.
As
irmandades realizavam várias festas para agregarem mais pessoas e arrecadarem
recursos, as principais festas eram as dos santos. Nelas ocorriam solta de
fogos, danças, etc. tudo descriminalizado pela Igreja. Outras festividades
importantes eram as fúnebres, diferente do que ocorria na Europa os funerais
eram festivos. Os enterros ocorriam nas igrejas, acreditava-se que os rituais
sagrados tinham que ocorrer juntos aos fúnebres, pois isso garantia que os
mortos tivessem felicidades após a morte. Essa prática era condenada pela
igreja, mas pouca coisa podiam fazer, já que esses rituais contribuíam
materialmente para o sustento das igrejas.
O
município, então, cria uma lei que proíbe os enterros nas igrejas, devendo ser
agora nos cemitérios. O município abri concessão para o primeiro cemitério a
ser construído. Diante disso as irmandades começam a se organizar para derrubar
essa lei. As primeiras tentativas foram no âmbito legal, vários líderes
acusavam as autoridades de estarem indo de encontra a constituição. Essas
visões, porém, eram muito particulares às irmandades e logo caíram em desuso.
As autoridades argumentavam que era uma questão de saúde pública, era preciso
que houvesse um local que armazenasse os mortos de forma a não prejudicar a
saúde da população. As irmandades quando entraram nesse campo acabaram dando
mais força para a construção dos cemitérios. Várias irmandades argumentavam que
os seus carneiros eram totalmente higienizados, nunca tendo histórico de
contaminação, o que podia ser verdade, mas todos seriam assim, ficava então
evidente que era preciso ter o controlo do estado. As igrejas logo acusaram o
cemitério de ser em local inapropriado devido a passagem de pessoas e a direção
dos ventos. Essas acusações contribuíam ainda mais para o fortalecimento da ideia
de que era preciso cuidado sanitários com enterros. As irmandades estavam
perdendo nessa guerra. As acusações foram para o âmbito do pecado, os
cemiteristas eram homens de usura que negavam a fé cristã, e que o estado não
pode entregar essa atividade a particulares, etc. Nada disso, derrubou a lei,
porém conseguiram a mudança do local do cemitério. Vendo-se derrotados, os líderes
religiosos exigiam que os cemitérios tivesses divisões para serem usadas pelas
irmandades, mas não foram atendidos. Então recorrerão à violência, as irmandades
fizeram um abaixo assinado tendo a assinatura de várias pessoas de posse e organizaram
uma revolta. No dia da inauguração uma multidão de pessoas de todas classes, gêneros,
cores indo em direção ao cemitério derrubaram o cemitério, o evento ficou
conhecido como Cemiterada.
Após
a revolta a justiça foi atrás dos responsáveis, mas não conseguiram nenhum
nome, as autoridades foram responsabilizadas pela displicência, mas
argumentavam que diante de tamanha multidão nada podiam fazer. Daí, percebe-se
que esse acontecimento realmente contou com uma ampla parcela da sociedade, sem
nenhuma exclusão de cor ou de status, o autor, inclusive conta sobre um Militar
de alta patente que era ligado aos movimentos conservadores e que haviam
reprimido várias manifestações se envolver, ou, talvez ter liderado esse
movimento. Mostrando que esse movimento apesar de massivo era de caráter
conservador.
Após
esses acontecimentos, a população foi acometida por uma doença contagiosa que
matou muitas pessoas, as pessoas então passaram a temeram os mortos para não
serem contagiados. Os rituais fúnebres passaram de festivos para de cautela e
medo. Logo os cemitérios seriam aceitos.
Essa obra de joão Jose reis é muito profunda . sobre tudo no quesito morte sentimento e festa. muito apropriada para os costumes da Bahia. e porque não norte e nordeste
ResponderExcluirO João José réis, se preocupa em da vida a varios personagem da vida cotidiana na Bahia do século xlx,e seus ritos e costumes, aparti da análises de testamentos, inventários e outras fontes documentais, e una obra de reflexão para todos nós, o livro a morte e uma festa e uma preciosidade.
ResponderExcluirO João José réis, se preocupa em da vida a varios personagem da vida cotidiana na Bahia do século xlx,e seus ritos e costumes, aparti da análises de testamentos, inventários e outras fontes documentais, e una obra de reflexão para todos nós, o livro a morte e uma festa e uma preciosidade.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito interessante. Despertaram minha curiosidade e a vontade de me aprofundar na História brasileira.
ResponderExcluirPorém, acho pertinente um sugestão: façam a revisão dessa resenha quanto à gramática e à coesão, para manter o ótimo padrão deste blog. Abraços.
O texto está bem resumido. No entanto seria interessante fazer algumas correções ortográficas. Uma grande abraço.
ResponderExcluirO texto está bem resumido. No entanto seria interessante fazer algumas correções ortográficas. Uma grande abraço.
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