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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

QUEM PODE JULGAR A BURGUESIA?



            O propósito desse texto é questionar quem está no direito de julgar quem. Parece que o entender-se a si Mesmo nunca foi e nunca será superado. Nunca conseguimos nos colocar no lugar do Outro e compreender seu entendimento. O pior que as ciências humanas já deu condições da reflexão sobre esse assunto. Foucault, por exemplo, faz isso em sua História da loucura. Mas o que parece é que saímos de uma ditadura do Mesmo para irmos para um determinado Outro. Esse Outro é sempre o pobre que não pode fazer suas próprias escolhas devido as suas condições; o criminoso que não teve educação para seguir um caminho de honestidade. Ainda tem um Outro mais Outro ainda. Os indígenas, os gays, as minorias culturais, que vivem na sua própria lógica de mundo, não cabendo a nós intervir, por que nossa concepção de mundo não tem nada a ver com a deles e que por tanto não poderíamos ajudá-los em nada. O interessante é que está ocorrendo uma defesa de Outro, tanto o pobre e o indígena, não em detrimento do nosso Mesmo, talvez até esteja, mas principalmente de outros Outros. Tornou-se comum culpar a burguesia por tudo que ocorre de negativo na sociedade, ou mesmo os dirigentes do Estado. Agora é assim: os pobres são o Outro a ser compreendido e os poderosos são determinantemente opressores.
            O fato é que os poderosos também são um Outro, tanto quanto os outros. E por que não os compreender como humanos, em vez de determiná-los como meramente cruéis? Quem é esse homem que dirigi o Estado? Quem é esse homem que explora o trabalho dos operários? São homens? Ou sou programas bem definidos? É claro que suas ações afetam alguns, mas beneficia a outros. E como disse Simonides, segundo Platão, em A republica, justiça é fazer o bem para os amigos e o mal para os inimigos. Ora, quem faz o bem a uns, faz o mal a outros. Maquiavel, séculos depois, reafirma essa tese. Assim sendo, digo que não existe ações neutras. Se os indígenas são beneficiados, outros são prejudicados, e, não necessariamente os dirigentes e poderosos, podem ser outros pobres. Talvez seja um pouco anacrônico usar Newton, mas toda ação tem uma reação. Mas o que acho interessante é que até hoje ninguém tentou compreender o burguês, e déspota, o homem. Não digo que eles estejam certos em suas ações, mas sim que os pobres, os indígenas, ou as mulheres também não estão. Fazemos críticas como Stalin dirigiu a União Soviética, sem dá espaço, para as minorias não proletárias. Mas não fazemos o mesmo? Por acaso quando um homem mata sua mulher isso não é apodíticamente machismo. Não precisamos de psicólogo para entender isso, ele acha que a mulher a posse dele e pronto, não tem o que discutir. Mas a mulher, essa não, se ela apanha é por que ama demais, porque é pura e boa. Vários casos há de homens que matam sua mulher e se matam. “talvez para ter ela como posse no inferno – ah, lembrei, ela vai para o céu e ele pro inferno”. Mas ninguém tenta explicar esse comportamento de maneira séria. Se deixam levar pelo senso feminista dominante. Essa a resposta é seguramente certa? Esse homem não pode ter sido acometido por uma crise psicológica e saído de si? Claro que ele deve ser julgado. Mas reduzir esse home a um mero machista é um absurdo.
            É incrível como hoje se defende o criminoso, por ele ser pobre e se condena o homem por ele ser homem. O ser humano foi mutilado de si mesmo. Mas porque não compreender o nazista? Ele mata os judeus no campo de concentração e noite beija sua filha antes de dormir. Nós não fazemos isso? Nós não escolhemos quem devemos tratar bem e quem devemos tratar mal? E não é isso essa ditadura, das minorias? A verdade é que não existem inocentes nessa história.
            A defesa dos “indefesos” se dá por que eles são pensados de forma determinista, ou seja, o pobre que pede esmolas é assim por que não teve escolhas. Mas e o rico teve escolha? E até que ponto podemos dizer que ele faz escolhas? Por acaso o burguês pode ter outra lógica de mundo que não a burguesa? Como julgar sua consciência? Os interesses vem de todos os lados. O pobre tem interesses, assim como o indígena e o gay. Não é apenas os burgueses que tem interesses. O que eu vejo é que estamos derrubando um ditadura para impor outra. Não a do proletariado, a qual eu defendo, mas a dos “indefesos”. Se fosse em detrimento da burguesia eu poderia até aturar, mas é em cima da exploração da classe operária que passa 15 horas ou mais para alimenta o pobre, o burguês e mesmo o indígena.
            Eu tenho minha opinião do que é melhor para a humanidade, mas ela não é maniqueísta como tem feito boa parte dos intelectuais de esquerda. Não vejo bons e maus, vejo classe e indivíduos. Para mim o tirânico é bom pra os seus e maus para outros.
            O meu propósito, porém, aqui é criticar o paternalismo. Principalmente um falso marxismo, que acha que fazer revolução é tirar dos ricos e dar para os pobres. Deveriam ler mais, não apenas o próprio Marx, principalmente O Capital, mas outros inclusive os que fazem crítica aos marxistas. Não sem razão, pois entenderam o marxismo como um mecanicismo. Deram espaço para o desenvolvimento do ceticismo e do existencialismo devido a sua alienação intelectual. Não faço essa crítica a Stalin, até por que é difícil julgar um homem responsável por uma revolução proletária diante de uma guerra contra o nazismo sem nenhum apoio das nações democrática. O povo russo sendo trucidado pelos nazistas e a luta interna contra o liberalismo pequeno burgues. Acho que Stalin cometeu erros, mas quem cometeu mais erro foram os marxista que se deixaram levar por suas interpretações pequeno burguesas. Qual é o problema dos Kulaks? Por acaso os criminosos não tem que trabalhar? É correto sustentar criminosos como fazemos aqui? Por acaso nos países ocidentais a pena de morte não é permitida em Estado de guerra? O que fazer diante de contestações internas quando o mais importante é a proteção da prátria que se ver ameaçada com  invasão do solo soviético pelos nazistas? Nós escolhemos os animais que podemos torturar e matar e os que podemos dar amor e carinho. Assim também é na sociedade.
            Mais para mim não é o puro paternalismo e maniqueísmo o problema, mas sim o resultado disso: a falta de compreensão da sociedade. Pois para todos os fenômenos já tem as explicações bem definidas guiadas por leis mecânicas. Assim andamos para trás sem perceber. O paternalismo é tamanho entre os marxistas que alguns chegam a odiar a burguesia. Dizem que todos os problemas da humanidade é resultado dela. Como se no feudalismo ou na Grécia Antiga não existissem esses mesmos problemas. Se as pessoas são egoístas e individualistas é por influencia da burguesia, para eles. É muito satisfatório encontrar um culpado para os nossos erros. As classes pré-capitalistas não eram individualistas como a burguesia. Antes fosse, eles eram perticularistas, viam o mundo a partir de suas experiências individuais. O servo não se importava se a natureza tinha lhe dado um colheita melhor esse ano se o que tivesse desse para sobreviver. Não se importava em fazer maiores esforços para ter uma produção melhor, deixava tudo a mãos de Deus. O resultado era a carestia e a fome nos lugares que ele não via. A burguesia é individualista, mais não confundir como um mero egoísmo, apesar de também ser, mas como sendo um pensamento em que o indivíduo é responsável pela sua felicidade. Claro que também são egoístas, mas seu individualismo matou a fome de muita gente. Com isso quero dizer que os grupos são apenas interesses. Os marxistas, tem interpretados como sendo a burguesia a classe dominante, não existindo nenhuma outra, e do outro lado como uma classe única e revolucionária o povo. São estúpidos. Quando Karl Marx faz a crítica a Bruno Bauer por ele acreditar que os responsáveis pelo progresso da humanidade é a “sagrada família” dos intelectuais, afirmando em vez disso, que o progresso é resultado do “espírito das massas” ele não quis dizer que eram os pobres os responsáveis pelo progresso, pois a massa inclui todos na sociedade. Isso quer dizer que é a vontade do ser humano em alcançar um mundo melhor e mais justo é que leva a sociedade ao progresso. O termo espírito se encaixou muito bem, pois há muito tempo que os homens acreditam num lugar onde as pessoas são justas. Chamam de céu, de orum etc. a própria burguesia quer um mundo melhor, como todas as classes. Mas por estarem presas a interesses particulares não conseguem permitir o avanço. Somente uma classe cujos interesses são essencialmente revolucionários pode dar um passo a mais para a humanidade. Se fomos defender os interesses indígenas voltaremos a viver dependente da natureza, vulneráveis a fomes e doenças, o mesmo posso falar dos camponeses. Por isso não acho justo julgar moralmente a burguesia, nem mesmo os políticos. Vamos discutir política, não corrupção. Os corruptos são na verdade mais honestos que muitos cidadãos. Pelo menos a corrupção política se dá em torno de interesses políticos, em vez de meramente individuais. Mas não são poucos os cidadãos comuns que não respeitam a fila para pegar o ônibus, ou que dá dinheiro ao policial para não perder a carteira de motorista. Quem pode fazer esse julgamento moral aos poderosos? Eu digo que todos, mas que todos também devem ser julgados. Igualmente, pois o burgues também é determinado por condições materiais, assim como o batedor de carteira. Não digo que a humanidade é mau por natureza, nem muito menos que seja assim devido a burguesia. Se a burguesia não se preocupa com o seu operário, o ladrão não se preocupa com a família do pai que matou. Por acaso a mulher bonita e atraente se preocupa com o rapaz que não tem namorada por que não tem dinheiro, e precisa se masturbar quando chegar em casa devido a propaganda constante que a mulher faz do seu corpo? Todos estão agindo conforme seus interesses , são guiados por ele. Por esse motivo não devemos nos posicionar como se os interesses viessem só dos poderosos. Eles também vem das minorias. Podendo inclusive se tornarem dominantes. Na balança são apenas interesses. O verdadeiro marxista deve perceber como as ações favorecem o progresso da humanidade, pois se a burguesia explora o proletariado, ela faz ações favoráveis não só a ele, mas a humanidade. Como podemos acabar a fome dos que ainda não tem o que comer? Será dando terras aos sem terra? Sim? Porque? Por acaso precisamos explorar mais terrenos para produzir mais alimentos? Claro que não. O agronegócio, na verdade, permiti produzir cada vez mais em terrenos cada vez menores. Mas se por acaso só pudéssemos aumentar a produção de alimentos explorando mais territórios e atingindo a vida de várias espécies, então não hesitaria em dizer que esse era o caminho, pois o homem é mais importante que a natureza. Não existe nenhum juiz superior que possa dizer quem está certo no universo, o homem vive pra si. Os seus conceitos sobre a natureza e  universo só tem sentido para o próprio ser humano. Por esse motivo não devemos ser paternalistas e nem maniqueístas, devemos agir em favor da revolução. Não vamos “passa a mão na cabeça” de pequenos grupos. Na verdade, as velhas classes já deram a sua contribuição para o progresso da humanidade. Pouco elas podem contribuir mais, pelo contrário tendem a fazer “girar para traz o moto da história”. É preciso entender quais são as ações da burguesia para o progresso. A melhora do processo produtivo. O desenvolvimento da ciência e tecnologia. Ao mesmo tempo observar e atuar na luta do proletariado, pois a sua luta trazem avanços para toda a humanidade. Não digo que devemos negar políticas assistencialistas por completo, pois uma lei que de acesso a negros a universidade possibilita que pessoas da classe trabalhadora possam se tornar intelectuais em defesa do progresso, além é preciso acabar com o privilégio dos brancos, pois onde existem privilégios a luta de classe é camuflada. O mesmo com a mulher, é importantíssimo que existam leis que facilitem que as mulheres ingressem na política, não por que ela tenha sido excluída, na verdade ela mesmo se exclui por que não ver necessidade de atuar nela, mas porque é preciso acabar com as diferenças entre homens e mulheres. Mas essa reforma não pode ser apenas na superestrutura, mas também no chão de fábrica, elas precisam sentir o mesmo que sentem os homens operários. Claro que muitas mulheres estão trabalhando hoje, mas está ocorrendo uma nova divisão sexual do trabalho, as mulheres ficam com os serviços leves do terceiro setor e homens nos serviços pesados sejam operários ou não. Por que isso é justo? Na verdade isso é só mais um privilégio, e eu já disse o que penso dos privilégios para a luta de classes. Só com a inserção da mulher tanto na superestrutura como na estrutura é possível haver igualdade de fato. Deve haver políticas para os mais pobres como o bolsa família, mas no sentido que possa possibilitar a eles a estudarem e ter uma formação para servir a sociedade, em outras palavras eles precisam ser cobrados de responsabilidades, a dedicação escolar já é um bom começo. Não digo que eles não tenham responsabilidade nas suas condições de vida, pois eles tem, mas não vejo mal algum em conceder alguns benefícios desde que tenha por objetivo o progresso. Sobre o homossexualismo, penso que deve haver políticas contra o preconceito. Não devemos dar valor a homossexualidade como se fosse mais avançado que a heterossexualidade. Não devemos cair no erro de que seja uma doença, mas também não uma mera orientação ou escolha. Claro que existem sociais e psicológicos que atuam nesse sujeito, e mesmo biológico. É preciso lembrar também que vivemos numa sociedade e que devemos respeitar as regras que foram construídas para o melhor convívio. Por isso os homossexuais não podem fazer tudo o que quiser nos espaços públicos só por que são homossexuais, não falo do beijo, mais de comportamentos. A sociedade reprova qualquer comportamento que inflija os seus costumes comuns, se não concordamos com esses costumes podemos combate-los no campo das idéias. Finalmente queria falar dos deficientes físicos. Existem milhares de tipos de deficiência. A maioria delas impedem os homens não apenas de ter oportunidades iguais no mercado e livre locomoção pelos espaços urbanos, mas também de viverem as coisas mais comuns aos homens o amor, a amizade, etc. Como acabar com esse problema? Claro que um anão também quer namorar e viver normalmente. Primeiro devemos acabar com as diferenças materiais, a medicina precisa ter esse propósito, também a tecnologia. Infelizmente, enquanto essas áreas forem monopólios dos ricos haverão poucos profissionais e conseqüentemente poucos indivíduos que se dediquem ao progresso em favor da humanidade. O desenvolvimento do capitalismo ajuda com a tecnologia, temos que pegar “carona” nesse progresso. A outra coisa que precisa acontecer para acabar com o sofrimento espiritual desses indivíduos é a mudança de nossa concepção de mundo. Somos muito interesseiros, nos aproximamos de quem nos favorece, e isso não tem início no capitalismo, é muito mais antigo. Sexualmente somos guiados pela beleza, pelo poder, pelo dinheiro. O amor pleno é raro, sempre está associado a algum interesse. Mas haverá um dia em que os homens serão apenas homens. Os relacionamentos serão guiados pela identificação dos indivíduos. O homem não vai olhar a mulher pelo seu corpo, nem a mulher o homem pelo seu dinheiro, mas coisas que eles tem em comum, pelo conteúdo deles. Em outra palavras será valorizado o espírito do homem. Será na convivência de suas práticas que os homens se conheceram e se apaixonaram, o sexo será conseqüência dessa aproximação. Não sei se o fim das diferenças entre homens e mulheres levem os homens a práticas hemofílicas, mas tenho certeza que os diferentes serão incluídos.
            Essa sociedade ainda está longe, mas somos nós que a construímos, e a cada passo estamos mais próximos dela. É por isso que não devemos cair no erro de consolidar o passado achando que estamos sendo revolucionários. Sei que essa não é uma tarefa fácil, para os militantes, mas uma boa alternativa para acerta é ouvir, todos os lados, os que consideramos opressores e os que consideramos oprimidos, e depois pensar por si mesmo. O dialética é um método excelente, mas não podemos reduzi-lá a uma lei mecânica, senão retornaremos a ser idealista, quando precisarmos explicar a finalidade dessas leis.

             

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