No texto “A Beira da Falésia”, Chartier fala, no início, sobre as
dificuldades enfrentadas palas ciências sócias no começo da década de 60. A
revista Annales afirmava que essa crise se dava, na verdade nos campos das
ciências sociais mais recentes (Sociologia, Etnologia, etc.), enquanto que no campo
da história essa mudança de paradigmas, na verdade, dava ainda mais vida a essa
disciplina.
Essas ciências mais recentes haviam se desenvolvido tendo como objeto e
modo de interpretação concepções marxistas e estruturalistas. Em outras
palavras, a sociologia se baseava no conceito de classes e nas determinações
estruturais para formular hipóteses, e foi justamente esses preceitos que deram
condições dessas ciências nascerem. Enquanto que a história já existia, mas
abordava os fatos de um ponto de vista militar e linearmente evolutivo. Com o
aparecimento da ideias de Carl Marx a história tomava outro rumo analisando a
evolução numa perspectiva da luta de classes. Com isso a História ganha papel
de destaque dentre as ciências sócias. Essa dominância, porém, estava em jogo
no momento dessa crise.
O argumento dos historiadores era que existiam trabalhos que enveredavam
de forma diferente da tradicional, e assim a História, na verdade, vivia um
momento de renovação, pois os campos de trabalhos haviam sidos expandidos.
Esses novos métodos eram tomados emprestados das ciências “irmãs”: as técnicas
de analise linguística e semântica, as ferramentas estatística da sociologia ou
certos modelos da antropologia. Novos objetos também surgiam: as atitudes
diante da vida e da morte, os rituais e as crenças, as estruturas de
parentesco, as formas de sociabilidade, os funcionamentos escolares, etc. Essa
forma de estudar história já existia de forma incipiente, mas era relegada a
segundo plano pela história da sociedades.
Mas essa captação só poderia ser afirmada se não abandonasse as
ferramentas que davam força à disciplina dada pelo tratamento de fontes maciças
e seriais. Assim, a história da mentalidades, a princípio, usava os fundamentos
da inteligibilidade, já usado na história das economias e da sociedades, a
novos objetos. Com isso a história cultural que abria caminho para novos campos
de pesquisas, continuava ligada a preceitos da história social. Essas
estratégias era usada para dar legitimidade cientifica à disciplina, o que se
configurou com sucesso. Assim, as disciplinas que anteriormente pareciam
inimigas da História firmavam uma aliança.
O desafio da História parecia ser o inverso do que ocorrera no passado.
Ao invés de uma crítica dos costumes metódicos da disciplina em nome do
desenvolvimento das ciências sociais, agora era justamente o contrário, a
crítica caía sobre toda ciências sociais. Os ataques se fundavam sobre a
contradição: por uma lado o retorno da filosofia do indivíduo, ou seja, a
negação as determinações do coletivo sobre o sujeito em defesa da ação
refletida. Por outro, o destaque que se dava aos fatos políticos, dando uma
nova chave à arquitetura da totalidade. A história, com isso, se via obrigada a
reformular seus objetos e criar os limites da disciplina com as demais ciências
sociais.
Chartier propõe que as mutações nas ciências sociais não se deu devido à
“crise geral das ciências sociais”, mas sim, por que na prática os
historiadores e outros cientistas literários já se distanciavam do modelo
estruturalistas devido ás lacunas que o método deixava no campo da história.
Esse modelo se fundamentava em três preceitos: um projeto de história global
que podia ser aplicado a qualquer sociedade; o objeto de pesquisa geralmente delimitado
por um espaço; e a primazia dada ao recorte social.
O modelo estruturalista foi perdendo espaço e dando lugar a uma forma de
análise com cada vez mais pluralidade de abordagens e de compreensões. Assim, a
história em seus últimos avanços mostrava que era impossível qualificar os
vários elementos de uma determinada sociedade em termos unicamente
sociológicos. A nova história, dessa forma se mostrava sensível a pluralidade
da clivagens e à diversidade dos empregos de matérias ou códigos partilhados.
Essa nova perspectiva por um lado trazia uma certa liberdade ao
historiador, que se desvinculava das forma estabelecidas pelo marxismo. Por
outro, trazia novas incertezas, pois não constituía um sistema unificado.
Com efeito, para Chartier a cultura não podia ser qualificada através de
um recorte social. Ele afirma que partir dos objetos, das formas, dos códigos e
não dos grupos, levou a história sociocultural a distorcer a concepção social.
Em outras palavras, o autor explica que a história sociocultural, por
privilegia o recorte a partir da luta de classes, esqueceu de outros princípios
de diferenciações que também são sociais, ou seja, as diferenças de sexo, de
idade, de religião. Etc.
Também é redutora as concepções que mostram as diferenças culturais como
mera possibilidades de grupos na aquisição de materiais. Ou seja, os grupos
mais populares teriam uma cultura diferente dos grupos letrados devido a aqueles
não possuírem os mesmos materiais - como se um grupo não tivesse uma identidade
própria produzida pelos indivíduos.
A Nova História Cultural abre um leque para os pesquisadores, pois
qualquer coisa pode virar objeto de pesquisa. Por exemplo, é possível construir
uma história do pensamento, da leitura, etc. assim uma história da leitura
trataria sobre como se deu as várias formas de leitura, os hábitos que se
perderam e os que foram adquiridos. Tendo sempre a possibilidade de diversas
clivagens ao invés de uma concepção estruturalista.
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