A coroa portuguesa havia recebido a notícia de que a nobreza Olindense
tinha entrado em sedição contra os Recifenses. A notícia tinha vindo da Bahia,
do governador D. Lourenço. Os motivos eram claros com a elevação de Recife a
vila, Olinda perdia sua influencia política sobre a região. A coroa já estava
preocupada com os movimentos que haviam ocorrido no Rio de Janeiro e em Minas,
pois diante dos impasses quanto à posição em relação à guerra entre França e
Inglaterra, corria o risco de perde essas regiões para qualquer dos lados.
Decidiu tomar a posição da Inglaterra, depois de uma certa aproximação com a
França. Tal sublevação deixou o monarca D João IV irrequieto, o Conselho
Ultramarino se reunia para discutir as medidas a serem tomadas.
Devido a fuga de Castro Caldas, governador, para a Bahia, o Conselho
Ultramarino resolveu indicar um novo governo, até porque o período de Castro já
iria expirar. Um dos principais nomes era Rodrigues da Costa, um burocrata de
Lisboa que esse nunca havia estado em Pernambuco, mas tinha boa relação com os
mascates. Suas posições diante o levante eram enérgicas e podia acarretar em
percas apara a coroa. Uma de suas propostas era reduzir o status de Olinda para
mostrar para os nobres que só quem poderia elevar ou reduzir a nada uma vila
era o monarca. Para o conselho isso era nocivo devido à repercussão mundial
sobre a expulsão dos holandeses de Pernambuco e aos sentimentos heróicos que os
Olindenses se atribuíam.
Outra carta havia chegado a Lisboa informando ao monarca que o governador
tinha sido substituído pelo bispo dom Manuel, essa notícia tranqüilizava a
coroa, visto que haviam posto um bispo na direção da província. Mesmo assim o
Conselho precisa articular a reação ao levante. Foi escolhido para liderar a
reação e governar a província Felix de Mendonça, a escolha foi uma surpresa em
Lisboa, que decidiu que iria primeiro aportar em Paraíba para saberem como
estavam as coisas na província de Pernambuco e depois em Itamaracá e realizar
um cerco a Recife. Além de Reduzir as tropas de Olinda e sentenciar os
revoltosos. Era necessário punir, pois de todos os levantes que haviam
ocorridos esse teria sido o primeiro que era de ataque direto à coroa, mas a
punição não poderia ser demasiado grande, pois poderia ganhar conhecimento e
dar exemplos para outras, por isso o conselho ultramarino decidiu que a pena
capital não ultrapassaria 8 pessoas e os degredos 20 pessoas. Ao chegar na
província porém, dever-se-ia espalhar que
todos serão perdoados. A situação assustava os reinos, tão acostumados a
obedecerem à coroa, pensava-se que no ultramar as coisas já havia saído do
controle.
Castro Caldas chega à Bahia, ferido, ao lado dos mascates, ainda sem
saber da decisão da coroa de sua substituição, organizava a revanche. Tinha
apoio na Paraíba e dentro de Recife. Para tanto iniciou corrompendo o exercito
que apoiava o Partido Olindense. Muitos líderes apoiaram os mascates.
O Bispo D. Manuel se encontrava numa situação difícil, se por um lado
havia o perigo do revanchismo partindo de Castro, do outro os membros radicais
do Partido Olindense tinha desconfiança quanto as atitudes do bispo. Ele
precisava ter cautela em suas ações, mas a pressão interna tinha mais peso.
Dos antigos lideres dos pró-homens que foram “subornados” pelos mascateiros
se destacam “o governador dos índios, D. Sebastião Pinheiro Camarão, teria
recebido rico presente em dinheiro; e Cristovão Paes Barreto, o Capitão mor de
Uma, a quitação da avultada dívida que tinha com os mercadores” (Melo, 2003, p.
371). É muito simplório acreditar que a adesão aos mascates tenha se dado
unicamente por dinheiro, já que sendo consolidado o governo dos nobres, além de
se livrarem das dívidas poderiam ter recompensas maiores. Talvez a fidelidade à
coroa ou afinidade com os mascates tenham possibilitado essas adesões.
As hostilidades à Olinda começaram a ocorrer vindas do Recife, tiros de
canhão eram disparados contra a cidade, nenhum deles teria alcançado, para os
pró-homens a cidade tinha sido livrada dos ataques devido a intervenção de
Santo Antonio. D. Manuel fez suas investidas ao Recife mandando tropas. As
tropas do Recife estavam acuadas não havia como saírem e não tinham força para
atacar a esperança era que viessem reforços da Paraíba. As dificuldades
aumentavam com a falta de víveres, as tropas de Olinda estavam só esperando a
rendição. A guerra também se dava no interior, os grupos dos Bezerras e dos
Cavalcantis, incitadores do levante nobre, atacavam vilas e engenhos fazendo
saques, a cidade de goiana fora tomada por esses grupos. D. Manuel entendia que
deveria reconquistar Cristovão Paes e Camarão, tentou duas vezes uma a quando
de sua saída do Recife para conseguir reforços e mantimentos, onde teve
resposta negativa e outra por carta relembrando suas origens nobre e que não convinha
se juntar em tão movimento que além da resposta negativa, Cristovão Paes afirma
que eles é que deveriam pedir perdão. D. Manuel fez uso de seus poderes
religiosos e excomungou Cristovão Paes, com intuito de provocar desconfiança na
tropa, o que teve um certo efeito, outro investida foi destacar os méritos de
Cristovão Paes diante do Governador dos índios, afirmando que ele possuía mais
experiência, habilidade, acreditando com isso causar cisão, mas Cristovão Paes
continuou firme.
O governador da Bahia ,D, Lourenço, enviava cartas a D. Manuel
solicitando o perdão do levante, das duas vezes que tinha solicitado de nenhuma
obteve resposta, parecia que o levantes dos mascates estava fadado ao fracasso.
As coisas haviam melhorado no Recife tinha farinha e até carne. D. Manuel
manda Arrais com uma tropa para atacar os mascates, mas a inércia – muito
suspeita – de Arrais fez com que as tropas dos mascates capturassem os homens
de D. Manuel, as tropas do mascates tinham virado o jogo.
No dia 6 de outubro de 1711 chegaram as naus da coroa liderado por Felix
Machado, o que parecia um alívio para os mascates, porém Felix Machado hesitou
em tomar suas decisões e aprecia não se importar com o que ocorrera na praça.
Isso parecia suspeito para os mascates.
Setores da igreja estiveram presentes nesses movimentos os néris – que
tinham divergências com Santo Amaro, o qual o s nobres tinha a intenção de
fortalecer - e carmelitas se aliaram aos mascates, a Madre de Deus participou
da articulação do levante, por outro lado, os que tinham seus estabelecimentos
em Olinda como os franciscanos e jesuítas procuraram equilibrar suas simpatias
tendo uma forte tendência aos nobres.
O autor se utiliza de muita informação, dando importância aos nomes dos
líderes dos levantes, o que para os iniciados se torna de difícil assimilação.
Sua linguagem é bastante erudita, o que leva o leitor em alguns momentos a
pensar ser este um documento da época. Penso que o autor tente ser imparcial em
seu trabalho, ele parece não se posicionar durante a narrativa, o que é muito
importante. Em poucos fatos vemos o autor procurando interpretar e explicar a
causas, ele simplesmente narra, vemos uma explicação pela adesão de Cristovão
Paes e Camarão aos mascates a posição das ordens religiosas, mas com pouca ou
quase nenhuma subjetividade.
Esse momento da história de Pernambuco é de grande interesse, já que é um
levante de caráter conservador, é comum vermos a burguesia nascente se levantar
contra os reis e governantes, porém aqui foi o contrário o rei estava
favorecendo esta classe, enquanto os nobres da terra vinham perdendo seus
prestígios. No entanto, não é correto pensar que o rei favorecia os mercadores
pelo simples fato de serem mercadores, mas porque a maioria deles eram
portugueses e isso trazia benefícios a metrópole, além de que os senhores de
engenho se tornavam cada vez mais nacionalistas devido as dificuldade de
mercadorias proveniente do exclusivo, para os mascates isso só os beneficiava.
RESENHA DO TEXTO “A
CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR” DE GILBERTO VILAR DE CARVALHO
A Confederação do Equador foi um dos eventos mais importantes do Brasil,
tinha um caráter republicano e, de certa forma, democrático. O fato de ter se
dado em Pernambuco não é ocasional. Foi nesse estado que ocorreram várias
manifestações como a dos mascates, revolução de 1917, revolta dos Suassunas,
entre outras. Mas, alguns fatos possibilitaram esse acontecimento, por mais que
já houvesse esse espírito republicano, sem eles talvez a Confederação não
tivesse acontecido.
O fato de ter um padre e outros membros do clero na revolta possibilitou
a inserção das idéias na massa. Frei Caneca, no entanto, não era republicano,
queria a monarquia, porém constituinte. O desgaste com a monarquia havia
começado com José Bonifácio, o qual o Frei Caneca enxergava como um déspota,
tentando o tempo todo impedir a constituinte, e mesmo quando foi aprovada
tentou aprovar uma conservadora. Mas, seus descontentamentos com ele se
desfizeram para cair sobre o imperador, pois esse tinha expulsado Jose
Bonifácil e desfeito a assembléia constituinte, além de perseguir Cipriano Barata, logo Frei
Caneca que não adiantava uma constituinte se continuasse como monarquia. Esse
fato ganhou Frei Caneca para a causa republicana.
Outro fato contribuiu para a inflamação do povo, havia sido eleito
Andrade Paes para governador, o imperador, porém mandou um indicado seu,
Morgado. Ao chegar em Recife prendeu Andrade no Brum, que porem foi libertado
pelos próprios militares, Morgado resolve ceder, mas o imperador reafirma e
manda uma tropa liderada por Jhon Taylor para o Recife, os revoltosos resolvem
organizar o governo e separar Pernambuco do Império, dando nome de República do
Equador.começa então uma luta sangrenta entre o Império e os revolucionários.
Mais seis estados ao norte aderem à causa. Os revolucionários acuados pelas
tropas imperiais adentram o sertão e pretendem construir a nova capital da
república, a qual deram o nome de Republica dos Lavradores, porém os soldados
do rei seguiam-nos de perto. A tropa
reacionária era dirigida por Lamenha, antigo adepto à causa republicana. Um dos
homens dentre os revolucionários traz uma carta de Lamenha afirmando que se
estes se rendessem seriam perdoados e bem recebidos, os insurgentes decidem,
depois de longas batalhas e muito cansaço físico – tinham homens desmaiando de
inanição, nas vilas onde chegavam eram mau recebidos devido ao medo dos
moradores de sofrerem represálias – se render, mas as promessas eram falsas e
os lideres foram presos e mortos, sendo alguns deportados. Lamenha não seria
esquecido pelo seu ato contra o povo Pernambucano, a quando da leitura da
abdicação do imperador ao Recife foi vaiado pela população.
Alguns autores trazidos por Carvalho tentam explicar porque as províncias
do sul não deram apoio à causa do nordeste.
Rocha Pombo afirma que os sulistas estavam presos às lábias do Imperador
e teria faltado um líder como Frei Caneca ao Sul. Já Oliveira Lima diz que no
sul estavam grandes proprietários rurais encantados com a vida luxuosa da
nobreza, além de que muitos dos indicados do imperador saiam desses
seguimentos, não tendo então motivos para uma rebelião.
A obra de Gilberto Vilar de Carvalho é uma excelente análise do
acontecimento da Confederação dos Equador, pois ele busca não só as explicações
macroeconômicas, mas políticas e até mesmo pessoas, fazendo o leitor ter uma
compreensão rica sobre o assunto, sua linguagem também e de fácil entendimento
e concisa.
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